27 municípios participaram das ações do Dia Estadual de Combate ao Feminicídio
Nesta segunda feira (22), o
Paraná realizou, pela primeira vez, o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio. A
data, implantada no calendário do Estado através de Lei 19.873/2019, de autoria
da deputada estadual Cristina Silvestri (PPS), procuradora da Mulher da
Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), foi lembrada em 27 municípios através
de ações simultâneas contra o crime e, também, contra a violência de gênero.
Guarapuava foi um destes municípios que integraram a mobilização estadual, com
vasta programação durante todo o dia. O dia de luta definido como “Dia D” é em
lembrança à data da morte da advogada guarapuavana Tatiane Spitzner, que foi
encontrada morta após cair do prédio onde morava. O marido dela, Luís Felipe
Manvailer, é acusado pelo Ministério Público (MP-PR) por feminicídio, cárcere
privado e fraude processual e deve ir a júri popular.
As atividades realizadas
nesta segunda nos municípios paranaenses foram organizadas pela Procuradoria
Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), comandada por
Cristina, com o apoio de prefeituras, câmaras municipais, entidades e empresas.
Segundo a parlamentar, esta é a primeira grande ação organizada pela
Procuradoria da Mulher, recém-instalada na Casa Legislativa do Estado.
“A adesão dos municípios a
esta data, lembrada pela primeira vez no Paraná, mostra a importância do tema.
Em nível de Estado, os indicadores revelam um aumento dos casos de feminicídio,
por isso a união frente a causa é urgente e fundamental. Mas o feminicídio é só
a ponta do iceberg. Precisamos combater, também, a violência de gênero”, disse
a deputada Cristina Silvestri.
As atividades nos 27
municípios envolveram a divulgação de serviços de auxílio para mulheres vítimas
de violência; panfletagem com materiais de conscientização; palestras; rodas de
debate, entre outras ações.
O primeiro secretário da
Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB)
participou dos atos realizados em Quatiguá, região do Norte Pioneiro. “É um dia
para se combater o feminicídicio. Uma causa justa e importante. Só vamos mudar
a realidade da violência contra a mulher se houver uma grande mobilização,
muito especialmente, de vocês mulheres que conhecem essa realidade mais de
perto”, declarou. (leia matéria no site)
No Paraná, indicadores
constatam um aumento no número de feminicídios nos últimos anos. De acordo com
balanço da Secretaria de Segurança Pública e da Administração Penitenciária do
Estado (SESP-PR) em 2017, por exemplo, foram registrados 41 feminicídios. Já em
2018, ocorreram 61 casos.
Um outro levantamento
mostra que foram instaurados pelo Ministério Público estadual (MP-PR), de 2015
até o dia 15 de março deste ano, 693 inquéritos policiais referentes a
feminicídios e oferecidas 592 denúncias criminais ligadas a esse tipo de crime.
Os dados são do Sistema PRO-MP, do MP-PR, levantados pelo Núcleo de Promoção da
Igualdade de Gênero (Nupige). Só em Curitiba, no mesmo período, foram 73
inquéritos abertos e 56 denúncias apresentadas.
Guarapuava foi o município
com a maior programação neste dia 22. As ações foram realizadas em parceira com
a Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres, com apoio da OAB
Guarapuava, OAB Paraná, sociedade civil organizada, além de contar com o apoio
da família Spitzner.
A programação na cidade se
estendeu até a noite de segunda-feira (22) com a abertura da exposição “Nem tão
doce lar – uma vida sem violência: direito de mulheres e homens”; o lançamento
do projeto Tatiane Spitzner, da OAB-Guarapuava; a palestra da jornalista
Giulianne Kuiava sobre “O ciclo da violência doméstica e a importância da
denúncia”; e uma Mesa Redonda com o tema: “Feminicídio: A Ponta do Iceberg” que
contou com a participação da coordenadora e psicóloga do CRAM, Camila Grande
Silva; Sandra Lia Bazzo Barwinski, do CEVIGE/OAB Paraná; Ana Carolina Hass de
Miranda, delegada da Mulher; e Eduardo Bischof, especialista em fenômenos
culturais.
Municípios
participantes: Apucarana; Astorga; Boa
Ventura de São Roque; Campina do Simão; Campina Grande do Sul; Candói;
Curitiba; Fazenda Rio Grande; Guarapuava; Laranjeiras do Sul; Londrina;
Mangueirinha; Maringá; Palmital; Piên; Pinhais; Pinhão; Piraquara; Pitanga;
Prudentópolis; Quatiguá; Santa Maria do Oeste; São José dos Pinhais; Terra
Roxa; Toledo; Turvo; União da Vitória.
Em Guarapuava, 82
cruzes foram colocadas no calçadão da XV de Novembro, representando todas as
mulheres que foram mortas no Paraná entre maio de 2018 e maio de 2019.
Foto: Caio Budel