União da Vitória é exemplo para Universidade gaúcha no combate ao abuso sexual
O juiz,
Carlos Eduardo Mattioli Kockanny, da Vara de Família de União da Vitória, foi
convidado para uma live – na quarta-feira (01/07), numa de série de debates
promovidos pelo Grupo de Estudo e Extensão Universidade das Mulheres (GEEUM@).
A iniciativa tem o apoio do Observatório de Direitos Humanos (ODH) e da
Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O
magistrado citou o trabalho realizado no combate ao abuso sexual na Comarca e ações
que estão sob sua coordenação, diante de um cenário preocupante, em especial,
com a pandemia e maior permanência em casa.
Num
debate coordenado e mediado por Gabriele Dors Schillo (artista, professora e
ativista) e Bruna Fani (professora, pesquisadora e ativista), Carlos Matiolli
citou o projeto Confiar, um dos 33 que estão no seu ambiente de coordenação de
trabalhos ligados à Vara da Família em União da Vitória. A iniciativa visa
realizar uma escuta psicológica humanizada, para crianças e adolescentes,
possíveis vítimas de abuso sexual, garantindo a integridade psicológica nos
depoimentos. Numa única audiência, evitando ampliar os possíveis transtornos, a
vítima é ouvida e ofertada a ajuda conforme a equipe entender ser o caminho a
seguir.
As
mediadoras, por já terem conhecimento da abrangência do trabalho existente em
União da Vitória, indicaram questionamentos ao juiz, com base em crescente
número de casos de abusos que surgiram em Santa Maria. Ampliada a preocupação
durante a pandemia em que, por estar mais tempo em casa, tendem a potencializar
diversos tipos de abusos. Dentre eles os sexuais e praticados contra crianças e
adolescentes que, infelizmente, ocorrem na sua maioria dentro de ambientes
familiares. Gritar e buscar apoio são os caminhos descritos por Mattioli.
Contudo, muitas vezes crianças e adolescentes não sabem o que fazer para buscar
esta ajuda.
O fluxo
das denúncias dentro das escolas acaba sendo maior, mas com a suspensão
presencial das aulas fica mais difícil. Disso o entendimento, pelas mediadoras,
da necessidade de outros meios para procurar apoio. Para tanto, o magistrado
apontou a existência da Rede de Ajuda CEJUSC (RAC), em sua Comarca no período
do Coronavírus, bem como os demais canais virtuais para busca de auxílio,
quando da ocorrência de abusos. “Ligar para o telefone 190, da Polícia, é
a indicação mais eminente para pedir ajuda”, observou o juiz. Sustentado
em todos os demais aparatos existentes na atuação do judiciário.
Carlos
Mattioli frisou de que existe o constrangimento, mas as vítimas de abusos,
geralmente, acabam procurando apoio e falando para alguém de confiança ou
diante de alguém que se sentem seguros para denunciar. “Não podemos
minimizar quando um caso é denunciado”, observou. O juiz frisou de que o
depoimento da vítima precisa ser levado em conta e investigado. Ao passo que,
ele também mencionou a importância de rebater qualquer tipo de comentário
machista ou discriminatório. “Um amigo de trabalho fala algo ou manda um mensagem,
tem de deixar claro que é crime e alertar”, exemplificou.
Ao ser
perguntado sobre suas falas e palestras, até que ponto estimula pessoas em
buscar ajuda, o magistrado que coordena o Centro Judiciário de Solução de
Conflitos e Cidadania (CEJUSC) disse que após determinada palestra até foi
procurado por criança denunciando ser vítima de abuso. “Ela não me
conhecia. Chegou e disse: juiz eu sou abusada”, relatou. Mattioli
ressaltou que após a formalização do Confiar o número de denúncias cresceu dez
vezes. Depois de cada palestra, entre quatro a cinco casos são informados seja
diretamente ou via redes sociais. Tudo funciona com regulamentação judiciária.
O
trabalho é referendado em prerrogativas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
que dá o respaldo necessário para estabelecer frentes específicas. E é isso que
a Vara da Família de União da Vitória tem feito, cada um dos 33 projetos, com o
34º a ser lançado em breve, busca alguma especificidade. Diante das mediadoras,
o magistrado foi incisivo em reafirmar que toda a mídia, por meio redes sociais
ou até palestras, dão o ‘empoderamento” para vítimas buscarem ajuda.
“Nossa equipe está sempre à disposição, basta procurar pelas redes
sociais. Seja a pessoa de Santa Maria ou de qualquer outro lugar”,
completou.
Todo o
trabalho exige um preparo e equipe multidisciplinar. É o que dispõe a Vara da
Família e o CEJUSC de União da Vitória. Com aparato de capacitação para
professores e profissionais de educação. Sustentado em parcerias e trabalho
profissional coordenado. Disso o entendimento de que, realmente, no ambiente
escolar os casos de abusos contra crianças e adolescentes são mais facilmente
detectados. Em tempos de pandemia e teletrabalho, o uso das redes sociais acaba
por ser a principal ferramenta. “Sempre confiando no relato de uma vítima
e apurado os fatos”, frisou Carlos Mattioli, na live que durou cerca de
uma hora e meia.
Vídeo:
https://www.facebook.com/watch/live/?v=579664842960537&ref=watch_permalink
Serviço: O atendimento ao público, em
União da Vitória – Vara da Família/CEJUS, continuará sendo realizado de forma
remota. Contato com a equipe:
PROGRAMA RAC – Acolhimento e Primeiros
Socorros Psicológicos – Covid19 (indicação pessoal ou para indicação de
terceiro que precisa de ajuda);
INSTAGRAM:
@rededeajudacejusc
E-MAIL:
rededeajudacejusc@gmail.com
FACEBOOK:
CEJUSC – União da Vitória / Vara da Infância, Juventude e Anexos.Vídeo: https://www.facebook.com/watch/live/?v=579664842960537&ref=watch_permalink
Texto: Assessoria CEJUSC/Vara da
Família
Imagem: Reprodução live Grupo de Estudo
e Extensão Universidade das Mulheres (GEEUM@)
Leave a comment