Alemanha, Ano Zero
O CineClube Agulheiro 310 apresentou dia 18 de novembro, o filme Alemanha, Ano Zero, como parte do ciclo de filmes com a temática de guerras.
Alemanha, Ano Zero tenta passar uma visão dura e realista do período pós-guerra de uma nação, mas não do ponto de vista de grandes figuras e sim do povo e seus desafios ao lutar pela sobrevivência em um país completamente devastado. Como o nome indica, o filme se passa na Alemanha logo após o fim da Segunda Guerra Mundial.
O ponto de vista pelo qual a história é vista é o do menino, Edmund Kohler, de apenas 12 anos. Ele vive com seus irmãos e seu pai adoecido, por causa de complicações, ele acaba sendo o único que trabalha fora, tendo que sustentar toda a casa.
É comum sermos levados ao erro de achar que assim que o fim da Segunda Guerra foi declarada, a situação teria mudado drasticamente. A história que fica gravada nos livros é sempre a história dos grandes figurões, dos movimentos e estratégias dos exércitos, nunca a do pobre Edmund Kohler, que aos 12 anos tem sua infância roubada e é forçado a carregar o peso de toda uma família nas costas.
Uma ideologia tão forte e enraizada como a nacional-socialista não desapareceria assim do coração do povo, que foi, desde criança, ensinado a crer em seu grande líder e sua nação. Professores ideólogos e militares mantém uma tentativa fútil e desesperada de manter a chama do nazismo acesa, entretanto a derrota na guerra foi um golpe inquestionável contra a antes orgulhosa Alemanha. A queda da ideologia nazista acaba sendo ainda outro fator a se acumular na lista de desastres que os habitantes têm de lidar; a economia destruída, dívidas e termos do acordo de rendição, uma porcentagem considerável da população, masculina adulta, morta na guerra e a queda do nacional-socialismo se somam a isso como um último golpe psicológico. A população alemã está desolada.
São abordados temas como a perda da infância pelo amadurecimento precoce e como uma criança assim afetada tem dificuldades de se relacionar, pois não pertence ao grupo social dos adultos, nem mais o das crianças, fadada à solidão e sem ter a experiência de vida para lidar com as escolhas da vida. Também a questão da família, o quão longe se deve ir, até onde estaríamos dispostos a nos sacrificar por ela. Por vezes, afundados no completo desespero, o único jeito que o ser humano encontra de seguir em frente é se apoiar em entes queridos tão desesperados quanto ele mesmo. E o que acontece quando nem isso se tem mais?