Catarinense pode concorrer ao Oscar com filme que tem Fernanda Montenegro no elenco
Nina Kopko trabalhou como diretora-assistente no
melodrama “A vida invisível”, vencedor de mostra no Festival de
Cannes
Ao sair de Porto União, no Norte do Estado, para
cursar o curso de Cinema na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Nina Kopko
levava consigo o desejo de quem sabe ver um filme seu no Festival de Cannes.
“Era um sonho tão maluco e improvável, sabe?”, disse a cineasta sobre ver o
trabalho como diretora-assistente, em “A vida invisível”, ganhar a mostra
Um certo Olhar, do prêmio francês. E as possibilidades de concretizar sonhos
não param por aí: a produção é uma das favoritas para representar o Brasil no
Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Com 32 anos e nove na carreira no cinema
brasileiro, Nina conta que ainda não possui palavras para
descrever a participação em Cannes.
— Ver o filme naquela tela imensa, uma projeção
perfeita, depois os dez minutos de aplauso, tudo isso, foi realmente um
acontecimento meio surreal —, comenta.
A cineasta formou-se na primeira turma de cinema
da UFSC. De lá para cá, a trajetória da catarinense faz parte da história da
participação feminina no cinema brasileiro. Presença que mesmo com avanços nos
últimos anos, ainda está longe da igualdade de oportunidades. Conforme dados da
Agência Nacional
do Cinema (Ancine), apenas 20% dos filmes em 2016 foram
dirigidos por mulheres.
Quando a participação de mulheres é analisada em
outras funções, os números são ainda menores. Como diretoras de fotografia, as
brasileiras executaram apenas 7,7% das filmagens. O percentual é ainda menor na
direção de arte: somente 5,6%.
As informações fazem parte do informe
Diversidade de Gênero e Raça nos Longas-metragens Brasileiros Lançados em Salas
de Exibição 2016, feito pela Ancine.
— Não é à toa que se fizermos um apanhado da
história geral do cinema, veremos que a maioria esmagadora são narrativas de
personagens homens e brancos — , analisa a cineasta. Ela reconhece que muito
foi feito para incluir mulheres por trás das câmeras no país, mas também
acredita que há muito para avançar.
Mulheres e a sociedade
O filme “A vida invisível” dirigido pelo
cearense Karim Aïnouz, expõe a história da desigualdade de gênero no Brasil. Ao
compor o relato de duas irmãs cariocas na década de 50, Nina acabou olhando
para a sua própria história.
— Se tivesse nascido algumas décadas antes eu
possivelmente seria uma Eurídice, sufocando meus sonhos dentro um casamento e
uma vida submissa, tal qual foram as histórias de várias mulheres da minha
família — , afirma.
Da literatura para o cinema
Adaptado do livro de Martha Batalha com mesmo
nome, o filme brasileiro possui grandes atores no elenco, como o de Carol
Duarte (Eurídice), Julia Stocker (Guida) e Gregório Duvivier (Antenor). O papel
de Eurídice na atualidade é da única brasileira indicada ao Oscar de Melhor
Atriz, Fernanda Montenegro. Nina trabalhou ativamente com os atores do filme,
além de estar envolvida desde a primeira ideia de adaptação até o último corte
de filmagem.
Inclusive, foi da catarinense a ideia de adaptar
a obra para as telas do cinema. Depois de ler o livro em apenas dois dias, ela
sugeriu a aquisição dos direitos de adaptação para o produtor Rodrigo Teixeira,
enquanto trabalhava em uma produtora. Quando o roteiro começou a ser
desenvolvido, foi convidada para fazer parte da equipe.

Fernanda Montenegro nos
bastidores com Nina Kopko(Foto: Divulgação)
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