Aqui na terra jogávamos futebol e baralho
Como costumo fazer, aproprio-me de uma frase de uma canção do grande Francisco Buarque de Holanda e em uma licença poética, faço pequena modificação para dizer como conheci Brittes Antônio Brittes.
Foi em 1976, na casa de minha então namorada, Tereza Ruski. Brittes era, na ocasião, noivo de Vera Muller, irmã de Tereza. Ficamos amigos quase que imediatamente. Nossa amizade se estreitaria ainda mais, quando eu assumi a assessoria de imprensa do então prefeito Gilberto Brittes, cujo chefe de gabinete era Brittes Antônio.
No final dos anos 70, meu futuro e já sogro de Brittes, Arnoldo Muller, residia em uma casa na esquina das ruas Benjamin Constant com Barão do Rio Branco e ao lado da casa havia um grande gramado, no qual, eu, Brittes, Vilmar Antônio Bughay e Arnoldinho Muller, o Nuno, jogávamos futebol. Bughay havia mando fazer duas travinhas de cano e nas tardes de sábado, lá íamos nós.
Assim como jogávamos truco sempre que nosso então cunhado Paulo Baran, vinha de Irati. Jogávamos sempre eu e Nuno, contra Brittes e Paulo. Começou a me intrigar a “sorte” de Brittes, de sempre que dava cartas, sair com, ele e seu companheiro, vários 3, a mais importante carta desse jogo, é claro depois do gato, copa, espadilha e mole, ou salmoura, como preferirem.
Descobrimos então que Brittes era um exímio surrupiador de 3, o que me faria dali em diante, também um hábil apropriador indevido, dos 3, o que me legaria a fama, alguns anos depois, de o maior ladrão de 3, quando compusemos um grupo de amigos que toda segunda-feira se reunia para jogar truco. Portanto, minha futura habilidade no jogo de truco, devo, inicialmente, ao bravo Britão e, posteriormente, a meu mais efetivo parceiro no truco, Mário Patruni e ao mestre, Luis Alberto Pasqualin.
No início dos anos 80, Brittes foi eleito presidente do Movimento Estudantil do PDS e eu seu vice e seu sucessor. Juntos, vimos nosso projeto político naufragar em 1982, quando o PDS perdeu feio para o PMDB, no Paraná e, praticamente, em todo o Brasil. O regime militar, já em seus estertores, na vã tentativa de municipalizar as eleições para governador e senador, criou o voto vinculado, que consistia no fato do eleitor votar nos candidatos do mesmo partido, de vereador a governador. Caso não o fizesse, o voto seria anulado.
O tiro saiu pela culatra, os candidatos do PDS amargaram fragorosa derrota, puxados para baixo pelo candidato a governador, Saul Raiz, enquanto os candidatos do PMDB foram catapultados às alturas pelo então candidato ao governo do estado, José Richa, que foi eleito com larga vantagem.
Voltando ao baralho, eu e Brittes éramos parceiros imbatíveis nos jogos de canastra que eram realizados nas tardes de domingo na casa de seu Arnoldo, até que uma noite fomos enfrentar o então prefeito Gilberto Brittes e seu parceiro Nelson Roberto Bueno, já falecido, na casa deste. Constatamos que não éramos tão bons assim e levamos uma autêntica surra.
Já no final dos anos 80, fui fazer um curso de uma semana em Curitiba, para aprender a operar o Página Certa, um programa de digitação de textos, o complicado antecessor do Page Maker.
Estávamos em processo de digitalizar a impressão de Caiçara, daí a necessidade do tal curso. Me hospedei no extinto Hotel Tourist Universo, na Praça Osório e em uma tarde ao retornar do referido curso, fui à portaria e pedi a chave de meu quarto, identificando o número deste. O funcionário do hotel disse que eu não estava mais hospedado naquele quarto, ao que perplexo, indaguei, como assim? Ele respondeu que dois amigos meus haviam chegado, se hospedaram no hotel, solicitando um triplo e pedindo também a minha mudança, para junto deles.
Perguntei o nome de meus amigos e o funcionário disse que não estava autorizado a informar, a pedido deles próprios, é claro.
Subi ao meu novo apartamento e lá encontrei Brittes e Mário Patruni me esperando para o happy hour diário.
Mário era vereador e tinha um curso ou congresso em Curitiba e levou Brittes junto. Eles descobriram o hotel em que eu estava e me fizeram a grata surpresa.
Por essa e por muitas outras, que Brittes Antônio Brittes é um de meus mais caros amigos.
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