Bonjour Tristesse
Ano XI – Abril/1965 – Número 135
Tenho a impressão que a vida é uma estrada tortuosa, distante do mar, seguindo uma trajetória difícil e longa. Num dia triste (triste por quê?) tenho vontade de esquecer meu corpo e deixá-lo parado, inerte sobre uma pedra, e não ver nem ouvir, esquecer o mundo e as suas criaturas, tudo esquecer…
Para a “tristesse”, não adiantam palavras, gestos, porque é um sentimento inato, que se alimenta de si mesmo, numa incapacidade de aceitação, como se um circulo de fogo nos isolasse de todos! Fico pensando nessa incompreensão da vida, traço estranho que me afasta das criaturas.
No entanto, os livros, as cartas dos amigos queridos, as poesias que recebo, enchem meu espírito e resisto com um sorriso de fé. Amigos que se esquecendo de si próprios fixam nas suas páginas um otimismo no animado, salvando ruínas, movimentando silêncios. E minha mãe, sua presença também, que derrama luz em nossos corações… essas duas coisas, são a maravilha na “eternidade” transitória da vida.
E descubro, sem dar volta ao mundo, que estou sabendo coisas, neste reboliço humano que deixa escapar notícia, enquanto giram seus corpos sob a música de poucos instrumentos.
Noite linda, em que as almas românticas e sedentas de poesias, caem de joelhos diante de tão estupenda beleza e, chorando, tecem hinos de saudade e ternura às almas queridas que estão distantes. Longe dos olhos, mas do coração bem perto…
Saudade… que saudade sinto nesta maravilhosa noite estrelada. Nesta noite cheia de poesia singela e terna que emana das noites de prata deste meu querido recanto… A lua para mim é uma cara muito simpática. Simpatizo tanto com ela, acho porque tenho o sangue de poeta e gosto de fazer poemas nas lindas noites de lua… é por influência da lua que gosto tanto da noite.
Um pensamento e uma saudade para você que está distante e que gosta do meu “Bonjour Tristesse”.
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