Bonjour tristesse
M. Daluz Augusto (In Memoriam)
Edição número 61 – Novembro/1958 – Ano VI
Bonjour Maria Cristina…muito bonjour a você!
Um bonjour dito assim numa manhã de sol, significa mesmo o desejo sincero de que a vida continue sendo luminosa e clara, leve e matinal como o sorriso de uma criança inocente.
Não importa que num momento ou outro aconteça um instante de “sombra”, “nevoeiro”, “fogo”. A “sombra” não é uma ausência, uma distância, um vazio. A passagem de uma “sombra” em nossa vida é apenas uma pausa no encanto diário, uma interrupção da luz, uma falha passageira na harmonia da luz. Essa “sombra” não pode impedir que a luz continue sendo vida, cada vez mais vida e cada vez mais luminosa. Apesar de todos os desastres do mundo, a vida e a luz interior que trazemos em nós estão sempre aqui ao meu lado, ao seu lado, à minha frente, à sua frente, Maria Cristina, sempre à nossa frente. As “sombras” são acontecimentos mortos…deixemos os mortos…e essas “sombras” passarão como tudo passa na vida e, inevitavelmente, serão passados e pertencerão à galeria das coisas mortas. Esqueçamos. Não voltemos a esse minuto. Também muitas moças em Paris ou na América, em Estocolmo ou no Rio, não fizeram “sombra” e foram sensivelmente feridas pelo mundo. Ficaram com cicatrizes sangrando dos sonhos, seres apanhados pela maldade do mundo, pelas tempestades da vida. De qualquer maneira, não ousaria dizer que apesar de tudo não sejam aqui ou em qualquer lugar, a graça, a beleza, o incentivo, para continuarmos a lutar. Bonjour, pois, Maria Cristina, a você e a qualquer outra moça suave, delicada, etérea e inteligente, que compreende um instante, a intranqüilidade desta cronista.
À toi, três affectuesement bonjour…
Lulu Augusto
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