Burros educados por espertos
“Você pode se vingar do mal, sem se tornar parte dele?” – Coringa, cidadão de Gotham City. Li uma entrevista do senador Cristovam Buarque. Lembrei de quando ele era ministro da Educação no desastroso governo Lula. Vivia dizendo que não importava a quantidade de alunos nas escolas, mas sim, a qualidade do ensino. Ah tá. Na hora em que precisou mostrar essa “qualidade”, esqueceu desse discurso que só dá certo em Cuba e ofereceu cursos de seis meses de duração para mais de vinte milhões de analfabetos. Quantidade. Foi por isso que desisti de votar nele para presidente em 2006. No mais, eles tiveram muita sorte. O brasileiro em sua maioria é analfabeto funcional e não conseguem interpretar um artigo de jornal. Ou outro texto qualquer, seja uma resenha de telenovela ou o rótulo do papel higiênico.
Cá entre nós: como é que existem pessoas como eu que escrevem em jornais em um país em que apenas 2,8 % da população leem periódicos diariamente? São malucos, retardados ou os dois juntos. Não arrisco uma opinião. Poderia apenas acrescentar que às vezes podem estar em outra dimensão. Naquela em que as letras saem do monitor e vem dar bordoadas homéricas em nossas cabeças tão debeladas.
Certa vez, um cara que trabalhava na mesma redação que eu, me puxou pela manga e disse que ia quebrar um paradigma: faria entrevistas com políticos do alto-escalão catarinense sobre a importância dos livros em suas carreiras e vidas particulares. Quando perguntei se ele iria para um centro espírita receber uma carta psicografada de Jorge Lacerda (governador de SC nos anos 50), me fuzilou com todos os adjetivos que veio na sua cachola.
A verdade é que a maioria dos políticos tem verdadeira aversão por livros. Leram apenas a cartilha da roubalheira e da mentirologia. Sabem que ler é um modo de escapar de suas garras. Não se pode ter poder, grana, influência e respeito com eleitores que leem. A melhor maneira para se chegar lá – e ficar – é investir no analfabetismo. Isso encerra com o que disse certa vez o encantador de burros. Segundo Lula, “ler jornais é chato, mancha os dedos”. Ele poderia ter usado outras palavras, mas o recado foi dado. E estupidamente, aceito por muitos. Se você não acredita muito nisto, puxe com o primeiro que encontrar um assunto qualquer que não tenha saído nas latrinas dos telejornais da TV aberta. Insista. Se aprofunde. Mostre que o que você diz está acontecendo de fato. Você vai falar sozinho por alguns minutos. Quando o interlocutor recobrar a palavra, o assunto cairá para um futebolzinho de oitava categoria ou a foto de uma boazuda no WhatsApp. Ou em terceira opção, o quanto está pagando pelo plano de internet no smartphone.
Por isso, ao fechar a revista na qual li a entrevista do senador Cristovam, fiquei imaginando a bagatela que foi investida na “deseducação” no Brasil nos últimos dez, onze anos. É que quando temos a exorbitante quantidade de jovens que levam zero na redação do Enem, concluímos que jogamos fora bilhões de reais, ano após ano. Antes era fácil. Uma parte era levada para os cargos comissionados no governo federal. Outros eram acomodados nos movimentos ditos “sociais”. Os que sobravam, viravam corintianos e serviam de sentinelas no Itaquerão. Agora vão ter que trabalhar para comer. Ou podem ir para Cuba, Venezuela ou Coreia do Norte.
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Valdir Maranhão, o deputado imbecil, embarcou com destino ao Chile para debater “transparência” com a pelegada da América Latina. Se você acha isso normal, lamento. É mais um trouxa conformado. Ah, somos nós que estamos pagando pela viagem de tão nobre “filho do vidraceiro” deputado. Tem horas que um lança-chamas no rabo desses caras é pouco.
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