Cadranno mille petali di rose
Após ser exonerado do cargo de Diretor Presidente da Fundação de Cultura de União da Vitória, em agosto de 2013, os que lá me sucederam, não sei se por iniciativa própria, ou por ordem superior, suspenderam todas as atividades artístico-culturais já, previamente, agendadas e puseram a cultura e a arte de União da Vitória no limbo.
Entre as atividades canceladas estava a VI Feira Municipal do Livro, programada para setembro, o Dia Mundial da Animação, programado para outubro, o Festival de Teatro, programado para novembro, os projetos Primeira Audição e Estação da Música, Primeiras Leituras, que havia levado uma biblioteca itinerante para o CEEBJA, e, levaria outras duas para dois diferentes bairros, o Clube do Livro que tinha quatro lançamentos de livros, seguidos por debates com a presença do autor e que seriam, Oneide Diedrich, em setembro, Luis Felipe Leprevost, em outubro, Rogério Pereira, em novembro e Otávio Linhares em dezembro. Também foi cancelado o projeto O Canto de uma Cidade, que havia sido iniciado em março de 2013, com a participação de 18 músicos da cidade, e, alguns de Curitiba, em homenagem aos 55 anos, de criação da Bossa Nova e centenário de nascimento de Vinícius de Moraes, e, havia prosseguido em junho, com Beto Bona, Canta Roberto Carlos, e, em agosto com Elas Cantam Chico Buarque, e prosseguiria com três shows. Em setembro, amparado no repertório de João Bosco e João Donato, em outubro em Ivan Lins, e, em novembro em Edu Lobo.
Também estava marcado para o mês de outubro, no Cine Teatro Luz, o show Jô Nunes canta Ary Barroso. O violonista Murilo Damasceno, responsável pela produção do show, decidiu fazê-lo mesmo sem o apoio da Fundação de Cultura e marcou duas apresentações, a primeira em uma quarta-feira, na FAFIUV e a outra no dia seguinte, na UNC.
Estive na FAFI, acompanhado de alguns amigos, que como eu acharam o show, simplesmente fantástico. Após a apresentação fomos todos, músicos e amigos para a Adega Jurerê tomar umas cervejas e comentar o show e o consequente resultado. Lá mesmo eu e meu amigo Black Kasteller, decidimos fazer um churrasco para a trupe, em minha casa na noite seguinte, após a apresentação na UNC.
E assim foi, eles chegaram por volta de meia noite e depois do churras, embalado por Chet Baker, Miles Davis entre outros, rolou uma verdadeira Jam session, com Murilo Damasceno ao violão, Sandro Guaraná no trumpete, Graciliano Zanbonin na percussão e Jô Nunes, no vocal. Isso sem contar com o auxílio luxuoso de Gabriel Kasteller, no violão e Sol Kasteller, no vocal.
Noite memorável e antológica. Além de nossa paixão pela música e por músicos como Chet e Miles, de compositores como Chico Buarque, Ivan Lins, Tom Jobim e Edu Lobo, unia-nos, eu Murilo e Guaraná, a paixão pela canção italiana Estate. Como na noite seguinte eles iriam se apresentar no restaurante Santa Gula, com o acréscimo do trumpete de Rafa Damasceno, que estava vindo de Cascavel, especialmente, para essa apresentação instrumental, Estate foi, imediatamente, incluída no repertório.
Sem nenhum exagero, foi a mais sensacional apresentação instrumental que já vi aqui nas cidades. Como no jargão musical, eles quebraram tudo. Rolaram pérolas, como My funny Valentine, Summertime, Autumn leaves, These foolish things, entre tantas outras raridades. Embora o show fosse instrumental, recebi a bela homenagem, da igualmente bela voz de Jô Nunes, que me ofereceu a canção, Para um amor no Recife, do mestre Paulinho da Viola, outra unanimidade entre nós.
E como não podia deixar de ser, a magnífica noite foi encerrada com Estate, com Murilo ao violão, Graciliano na percussão, Rafa no trumpete e Guaraná se revezando no baixo e trumpete.
Apenas genial. E a performance dos músicos, confirmou o que diz a letra da canção: cadranno mille petali di rose…
Essa pequena crônica é uma homenagem ao meu amigo, Caio Bona Moreira, outro apaixonado por Estate.
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