Cérebro Reptiliano
Um professor fez a introdução de sua aula com a apresentação de um vídeo, mostrando aos seus alunos quanto valor nós damos ao drama.
Mostra-nos a história de alguns pinguins que saíram de sua colônia em direção à margem gelada do mar, em busca de alimento, mas um deles aguardava que os amigos se distanciassem para voltar, não para sua colônia, mas em direção às montanhas, que ficavam a setenta quilômetros de distância, se calcularmos o tempo que o pinguim levaria para chegar à montanha, poderíamos dizer que seria uma viagem muito demorada e sofrida. Curioso o fato de que podia-se tentar levá-lo de volta ao mar gelado, ele voltava quantas vezes fosse necessário. Um vídeo muito intrigante, pois nos leva a pensar nas dificuldades do pequeno pinguim, a fome, o cansaço, enfim como foi para ele uma aventura tão incerta.
O educador notou que seus alunos estavam muito interessados no assunto, com expectativa no final da história. As indagações surgiram; será que ele sobreviveu? Achou alimento? Achou outra colônia, na montanha?
O mundo está desesperado para que alguém continue a história, disse o professor, e que a muitos, só interessa se for drama. Ele chegou a esta conclusão após diversos questionamentos sobre o vídeo, e mais alarmante, a maioria queria saber sobre o sofrimento do bichinho, e simularam vários finais tristes, nenhum aluno deu um final feliz ao mesmo, e assim é ao nosso redor.
O que é drama?
Originalmente a palavra drama vem do grego “drâma”, que significa “ação”, e era usada com relação à arte teatral.
Drama é uma expressão usada para designar uma situação comovente, que envolve sofrimento ou aflição, podemos dizer que na vida são os acontecimentos complicados, difíceis, bem como algo que nos cause danos, sofrimento e dor.
Os noticiários nos mostram tragédias porque elas dão retorno financeiro e, assim não conseguimos enxergar um futuro alvissareiro, começando pela mídia que só nos mostra fatos desanimadores, sabemos que existem repórteres que optam por nos mostrar corrupção, guerras, assaltos, mortes, suicídios deixando de lado os acontecimentos bons, que acontecem.
Há premiação para jornalistas que cobrem grandes catástrofes, grandes tragédias, enfim dramas.
Existem muitas pessoas que são viciadas em assistir todas as desgraças do mundo, sabem tudo sobre as últimas tragédias, não só na mídia, mas em sua rua, em seu bairro, em sua cidade. Podemos afirmar que as desgraças afetam nossa vida, nossa mente, nossa maneira de viver. Algumas pessoas dizem acompanhar as notícias para saber o que acontece na realidade, porém o que passa na mídia não é a verdadeira realidade e sim parte do acontecido, às vezes a pior parte dela, e acostumados a isso, vamos esquecendo de ver as coisas boas que há ao nosso redor. Assistimos sobre roubos, sequestros, corrupção, suicídio, e tantas outras tragédias, que se torna difícil enxergarmos o lado bom das coisas, e com certeza há um impacto da negatividade em nós.
O mundo seria muito melhor, sem dúvida se fosse reservado uma grande porcentagem do jornal, dos noticiários para nos mostrar futuras realizações, projetos para a melhoria na educação, na saúde, objetivos alcançados em vários setores, o otimismo e a segurança falariam mais alto e, a sociedade como um todo seria melhor. Deixaria de lado a tristeza, o medo, a insegurança, deixaria os dramas da vida seguirem sozinhos, sem plateia.
É muito comum ouvirmos: Eu gosto de ouvir histórias tristes.
Hélio Couto pesquisador, escritor e palestrante brasileiro, nos dá uma definição muito interessante do que é complexo reptiliano:
″Sentir compaixão pela dor alheia é um sinal de evolução. Isso seria uma função do neórtex. O cérebro reptiliano é o inverso, para ele tudo é comida. ″
Qual a comida preferida pelo cérebro reptiliano?
Ele possui duas emoções básicas: agressão e medo, diretamente responsáveis pela sobrevivência. Podemos melhorar assistindo a bons filmes, boas leituras, ótimas músicas e conviver com pessoas alegres. “Falam por mim os que estavam sujos de tristeza e feroz desgosto de tudo, que entraram no cinema com a aflição de ratos fugindo da vida, são duas horas de anestesia, ouçamos um pouco de música, visitemos no escuro as imagens, e te descobriram e salvaram-se.” Carlos Drummond de Andrade
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