Cinema
Meu gosto pelo cinema foi instigado pelo amigo Delbrai, ainda nos bons tempos dos anos 80, quando ele, há época, já uma referência da sétima arte, e fervoroso entusiasta, promovia projeções, em locais variados. Confesso que na primeira reunião do “Cine Clube”, diante de uma obra de Costa Gavras, cheguei a me perguntar: “o que estou fazendo aqui?” Mas a noite valeu a pena por ter conhecido a Cinthya, através de uma amiga em comum. Talvez isso tenha me motivado a participar dos encontros seguintes, com exibições de filmes do genial Luis Buñuel e Jean Luc Godard. Digamos que tirei “proveito” dessas experiências culturais pro resto da minha vida, pois a simples citação das obras já me garantiam uma certa “autoridade intelectual”, o que me dava respaldo pra comentar até quando os Paralamas cantavam “Selvagem” (nesta música Herbert faz uma referência a censura ao filme (Je Vous Salue Marie). Hodiernamente, quem sabe com essas passagens, poderia cravar uma graduação em Cinema, no meu currículo lattes.
Aliás, “Selvagem” é muito atual, parece que foi composta na semana passada:
A polícia apresenta suas armas
Escudos transparentes, cassetetes
Capacetes reluzentes
E a determinação de manter tudo
Em seu lugar
O governo apresenta suas armas
Discurso reticente, novidade inconsistente
E a liberdade cai por terra
Aos pés de um filme de Godard
A cidade apresenta suas armas
Meninos nos sinais, mendigos pelos cantos
E o espanto está nos olhos de quem vê
O grande monstro a se criar
Os negros apresentam suas armas
As costas marcadas, as mãos calejadas
E a esperteza que só tem quem tá
Cansado de apanhar
Resolvi não escrever sobre legislação ou direito, como de costume, depois de ler a coluna do Delbrai semana passada (Em Tempos de Coronavirus4), quando ele do alto de sua base cultural, inquestionável, elencou seus 10 filmes preferidos. Antes, porém, registrou sua indignação (que é nossa) com a postura de alguns (os famosos 30%) que ainda tentam justificar os rumos que nosso inominável presidente está dando ao país.
Não tenho a pretensão de indicar filmes (obras de arte), mas quando comecei a escrever, pensei comigo que poderia indicar pelo menos um ou dois filmes que me chamaram a atenção e tem relação com uma coluna que aborda situações de Justiça e direito. Não levaria para uma ilha, pois não é uma super produção, nem tampouco é dirigida por um gênio, ou tem atores brilhantes, aliás, a produção é bem carente. Nestes dias de isolamento, rebuscando as séries na Netflix, encontrei “bandidos na TV”. Marcante por se tratar de uma história real, e que usa um caso para retratar a política brasileira e se relaciona com direito penal, civil, processo penal, uma verdadeira aula prática (recomendo aos operadores do direito). Trata-se da história de Wallace Souza, apresentador de televisão, que virou político e com isso amealhou dinheiro, amigos e muitos inimigos (políticos). Lembro de uma frase do filho de Pablo Escobar: “o maior erro do meu pai foi ter entrado pra política”. O Caso Wallace de Souza é sinistro e inconclusivo. Aconteceu em Manaus, mas a história parece ser local, repetitiva pelos personagens que a compõe.
A segunda série é também da Netflix : “Fargo”, que impressiona pela trama (dita verídica). Indiquei filmes, longe de ser minha seara, e acabei abordando assuntos de justiça.
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