Dois dedinhos
Eu notei que há muitos junguianos (seguidores de Jung) cristãos, e isto não é novidade, a novidade é que estes, que notei, tem uma disposição ao autoritarismo verdadeiramente religiosa. O símbolo, para nós, é um pouco diferente que para eles, isto porque não há muitos na psicanálise: Lacan dizia que o falo é um símbolo. Já na psicologia junguiana há muitos, pois eles são representações históricas, portanto discursivas, de imagens primordiais, os arquétipos. Freud escreveu um texto muito rico que trata justamente das “significações antitéticas das palavras” em que, sem nomeá-lo, analisa o significante em sua oposição, por assim dizer. Ele ressalta que em muitas palavras antigas o que se revela em seu significado é justamente uma contradição irresolúvel, elas significam ao mesmo tempo duas coisas opostas. A definição lacaniana de signo, já que um significante representa um sujeito para outro, é de representar alguma coisa para um sujeito. O signo, portanto, implica numa fixação de sentido, lembrando que o sentido é do registro imaginário. Só que a prova de que a verdade do signo não está nele, mas no desejo (de quem?) é atualizada hoje em dois dedinhos de sinal idêntico, polegar e indicador, que apesar de terem a mesma forma, significam arma ou liberdade.
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