Emocional vira-lata
As palavras que escrevo me protegem da completa loucura – Bukowski. As Olimpíadas do Rio estão chegando ao fim sem deixar muitas saudades. Concordo com os amantes dos jogos: a egrégora do evento é única. Seria melhor ainda, se nós não tivéssemos pago absurdamente caro por isso. Pode me chamar de tudo que vir em sua cachola. Mas não consigo pensar diferente. Nem quero. Sou como um imbecil espantalho em uma plantação de milho seca e retorcida.
Se dependesse de minha audiência, as emissoras de TV e canais da WEB teriam falido. Pela Globo nem pensar. Ter que ouvir o idiota cúbico do Galvão todos os dias é não ter amor-próprio algum. Prefiro tortura medieval. A concorrência e os canais da TV fechada foram as bênçãos do mês. Vi algumas coisas legais, tipo ciclismo, natação, remo e os endeusados cem metros rasos. Ou seja, um expectador apalermado comum.
Entre tantas coisas, também assisti a queda da câmera aérea no Parque Olímpico. Quiseram os deuses do esporte que ninguém se machucasse de verdade. O que me chamou a atenção nisto? A Dona Globo usando de todos os seus canais na WEB justificando que essa famigerada câmera não fazia parte do seu staff. Medinho do quê foi isso?
Mas como não poderia deixar de ser, o pelegão deu um jeitinho de tentar chamar a atenção na última semana dos jogos. Lula reuniu sua imprensa particular – cada vez mais minguada – e com sua cara habitual de coitado, achou a festa muito bonita e tal, mas se sentiu como no icônico filme dos anos 90 Esqueceram de Mim. Afinal, esse festerê só aconteceu por sua causa, tendo que derrotar “Tóquio, Madri, o Obama e a mulher dele”. Já o Antagonista lembrou que Sérgio Moro e Cia não o esqueceu. É só deixar passar o impeachment que ele verá.
Teve um dia que resolvi dar minhas espiadelas que foi quase um estrondoso fracasso. A lista das derrotas é grande: Handbol feminino, vôlei de quadra feminino, salto com vara, pólo aquático, vela, uma das duplas das meninas do vôlei de praia e a até então incensada seleção feminina de futebol. Não que a gente esperava muito mais. Acho que nossos atletas estão indo longe. Com todas as limitações de tecnologia, treinos e investimentos, acredito que os poucos que são vitoriosos se tornaram mestres em tirar medalhas de pedra. Tivemos o ouro do valente Robson Conceição neste dia quase que totalmente sombrio.
O que não aceito e jamais aceitarei, é o nosso coitadismo. Quando lembrei da mulherada do futebol, peguei exatamente o momento em que todas abaixavam a cabeça com a derrota nos pênaltis para as suecas. A comentarista do SporTV que não fiz questão alguma de saber quem é, dizia ao narrador que “Certamente, um Maracanã cheio influencia no desempenho da seleção”. Disse isso justificando a falta de pontaria das moças. A mesma coisa aconteceu no fiasco da Copa 2014. Primeiro, na Copa das Confederações, em 2013, cantar o hino nacional “à capela” era inspirador e transformou nossos jogadores. Já na competição um ano depois, os entendidos largaram que esse ato poderia estar prejudicando o emocional dos nossos atletas. Tirando as meninas que não ganham nem um terço do que faturam os marmanjos, são todos uns frescos mascarados. E quem comenta isso, é um adepto(a) do vira-latismo que precisa começar a ser assassinado nesse país. Afinal, a partir da semana que vem, acabou o circo e teremos muito o que passar a limpo. O retorno à realidade muitas vezes não é dourado como uma medalha.
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Ministro Teori Zavaski convenientemente lento em suas providencias. Até quando? O que precisamos para ir virar a toga do avesso destes safados? Sobre a investigação Lula/Dilma não se iluda nem um pouco. Os termos do processo foram cuidadosamente inseridos pelo ministro e tudo vai dar em nada. Lula só não escapa do sítio de Atibaia e do tríplex no Guarujá.
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