FESTAS JUNINAS OU JULINAS
Na época da colonização do Brasil, após o ano de 1500, os portugueses introduziram em nosso país muitas características da cultura européia, como as festas juninas, que hoje estenderam-se a o mês de Julho, então julinas.
Mas o surgimento dessas festas foi no período pré-gregoriano, como uma festa pagã em comemoração à grande fertilidade da terra, às boas colheitas, na época em que denominaram de solstício de verão. Essas comemorações também aconteciam no dia 24 de junho, para nós, dia de São João. Essas festas eram conhecidas como Joaninas e receberam esse nome para homenagear João Batista, primo de Jesus, que, segundo as escrituras bíblicas, gostava de batizar as pessoas, purificando-as para a vinda de Jesus.
Assim, passou a ser uma comemoração da Igreja Católica, onde homenageiam três santos: no dia 13 a festa é para Santo Antônio; no dia 24, para São João; e no dia 29, para São Pedro.
Os negros e os índios que viviam no Brasil não tiveram dificuldade em se adaptar às festas juninas, pois são muito parecidas com as de suas culturas. Então aos poucos, as festas juninas foram sendo difundidas em todo o território do Brasil, mas foi no nordeste que se enraizou, tornando-se forte na nossa cultura. Nessa região, as comemorações são bem acirradas, se estendem por um mês, e são realizados vários concursos para eleger os melhores grupos que dançam a quadrilha e outros, sem contar com o aumento da renda na região, em virtude do turismo.
Com o passar dos anos, as festas juninas ganharam outros símbolos característicos e como é realizada num mês frio, são erguidas enormes fogueiras que são acesas para que as pessoas se aqueçam ao seu redor.
Em Porto União há 80 anos acontece no bairro São Pedro a Festa de São Pedro e São Paulo, realizada pela Paróquia que leva o nome dos santos. Como atração principal, é elaborada de maneira artesanal uma enorme fogueira de lenha, considerada a maior do Brasil. Mais de 250 pessoas da comunidade colaboram na organização da festa. No inicio do mês de julho acontece uma festa pequena e acende-se uma fogueira menor, numa ação de boas-vindas às festividades na Festa do Padroeiro, e uma semana depois, envolvida por um belo show pirotécnico, é acessa a fogueira maior e acontece a grande festa. A comemoração já tornou se patrimônio histórico imaterial do município, a fogueira maior é a primeira a ser montada, leva três semanas e quem monta faz trabalho voluntário. A madeira é de reflorestamento, plantado pela própria Paróquia. O tamanho dela chega a 35 metros. A fogueira menor é a segunda a ser montada, e o tempo de trabalho dura apenas uma tarde.
Um dos artistas de Porto União que retrataram e fogueira, foi Renato Ruschel, segundo o artista que relatou no Livro Entrevistando a Arte de Ivanira Dias Olbertz, foi um dos ajudantes nas fstas e na montagem da fogueira por um período de sete anos, juntamente com seu sogro José Maria Araújo (o Juquinha), que foi Presidente da Comissão da Igreja do Tocos nos anos de 1959 a 1966. Por isso, Renato retrata e descreve uma imagem que ficou gravada na sua memória: “No lado direito da tela estava situada a Casa das Freiras. Mais tarde, foi a moradia do Sr. Sebastião Afonso. A outra casa servia de escola, salão de festas, onde se realizava o bingo e bailes para arrecadar fundos destinados à construção da futura Igreja. No fundo, ao lado esquerdo, se vê a casa do Sr. Francisco da Silva (o Chico Duro). Na obra retrata a fogueira e a figura do acendedor bem no alto; que segundo ele, era sempre uma operação de grande risco, porque lá havia estopa encharcada com óleo e pedaços de pneus. O acendedor subia com uma lanterna na mão, tarefa bastante perigosa, pois, lá na ponta ela balançava.
No ano de 1965, o acendedor Sr. Pedro Braun subiu para acendê-la e sofreu queimaduras. Diante desse fato, houve mudança no sistema de acendimento. Assim, no ano de 1966, foi idealizado um sistema com carretilha, em que uma tocha encharcada com gasolina era içada, sempre por uma autoridade local, até a ponta da fogueira.
No ano de 1967, utilizou-se mesmo sistema, porém, a tocha foi amarrada com fio de cobre que não suportou o calor e derreteu, vindo a cair antes de acendê-la. No ano de 1968 foi implantado um novo sistema de acendimento, com dispositivo elétrico comandado à distância, idealizado pelo Sr. Engelbert Schwab que há 32 anos é responsável por essa tarefa.
O artista ainda registra um fato inesquecível, relata que quando a fogueira foi acesa pela primeira vez, com dispositivo elétrico, repentinamente, o Osni Meyer subiu até a metade da fogueira, soltando aquele foguetório, e, demonstrando assim que a sua coragem ainda não havia terminado”.
Parabéns aos corajosos acendedores, dentre eles, Engelbert Schwab, Pedro Braun e os saudosos Ivo Meyer, Osório Silva e Osni Meyer.
Eliziane Schaefer Buch – elizianebuch@gmail.com Licenciada em Artes Visuais pela UNC, pós-graduada em Metodologia da Ação Docente pela UNIUV, pós graduanda em Arteterapia pela Censupeg, bacharel em Ciências Econômicas pela FAE (Curitiba). Membro da Academia de Cultura Precursora da Expressão (ACUPRE), Associação dos Artistas Plásticos Amadeu Bona.
Professora de Arte da SEED Paraná.
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