Fragmentos
Essa crônica é em homenahem ao amigo leitor Valdir Soares, cuja recente conversa, me levou a esses fragmentos de memória. Valdir ao lado de meus tios Lamartine e René Augusto, Cadinho Vieira e Azauri Marés de Souza, entre outros, evidentemente, foram os desbravadores da Praça Coronel Amazonas, onde construíram um campo de futebol nos idos dos anos 40. Há cerca de dois anos atrás, durante a 4ª Feira do Livro de União da Vitória, quando do lançamento do livro do escritor e editor Thiago Tizzot, no Bistrô da Cultura. Lá estava seu tio avô, Azauri Marés de Souza, que me relatou histórias do campo de futebol da Praça Coronel Amazonas, entre as quais a de que ele era sempre deixado na reserva pelos outros meninos, que eram Lamartine, René e Cadinho. Certo dia ele voltando para casa entre um misto de resignação, mas muito mais indignação, reclamou para seu pai, Astolpho Macedo de Souza, que seus amigos quase nunca o deixavam jogar.
Seu pai nada lhe disse, mas no dia seguinte chegou em casa com uma bola de couro novinha, a chamada bola de capotão, como minha geração ainda usou dizer.
Seu pai então lhe disse, leve a bola nova e vamos ver se eles não te deixarão jogar. Azauri chegou com a bola nova e foi imediatamente colocado no time, mas no gol. Como os meninos jogavam entre si, precisavam, é claro, de dois goleiros e o outro, segundo seu próprio relato era nosso bravo Valdir Soares. Ambos reconhecem, nos dias de hoje, que não eram craques da bola, longe disso, daí serem sempre convidados para a mais ingrata das posições, a de goleiro.
Mas essa crônica se denomina Fragmentos, porque é deles que ela é construída.
Há alguns dias atrás toca meu celular, verifico o número antes de atender e vejo que o código é 31 e portanto, de Minas Gerais. Atendo e uma voz masculina me pergunta: A mãe de qual seu amigo o ensinou a dançar? Estranho um pouco a pergunta, mas respondo, a mãe de Rubiomar Antônio Savi, Dona Dorilda Savi, conforme já narrado em uma crônica anterior. Meu interlocutor segue perguntando: você comentou em uma crônica sua, que você e seus amigos puseram em prática os ensinamentos adquiridos com Dona Dorilda em um baile no Clube Apolo, e quais eram esses seus amigos? Citei-os. Como já fizera aqui anteriormente e ele me contou que estava em tal baile. Finalmente pergunto seu nome: Celso Teixeira Soares, que morou aqui nos anos 60 e parte dos 70, estudou no Túlio e residia na Avenida Manoel Ribas, logo abaixo da extinta Padaria do Kuritza. Ele disse que esteve, recentemente, na cidade e reencontrou velhos amigos como Gilberto Brittes e Luis Carlos Caus. Me perguntou se eu ainda não havia escrito uma crônica sobre o mestre Isael Pastuch, a que respondi que foi uma das primeiras. Me perguntou ainda se eu não havia escrito sobre o Dr Lauro Muller Soares, ao que respondi que como sou uma espécie de memorialista, escrevo sobre passagens de minha vida e dessa formam escrevi sobre Luis Roberto Soares, filho do Dr Lauro e com quem , quando ele era Secretario de Estado da Cultura e Gilberto Brittes, prefeito de União da Vitória, me iniciei na atividade cultural pública. Celso Teixeira Soares reside em Juiz de Fora e é nosso leitor on line.
Seguindo por essa fragmentária linha memorialística, também há alguns dias, recebi em meu Facebook, um comentário de minha amiga Eliziane Wengerkiewicz, se reportando a uma crônica em que cito uma festinha em que fui em sua casa nos anos 70, época em que ela ainda morava em Porto União.
Relembramos como eram boas essas festinhas em casa, comentário compartilhado por outra amiga da época, Lilian Thomasi e que remeteu a outras belas festinhas feitas em casa, como a de Cintia Fernandes e Eliane Hirsch, entre outras, isso sem falar nas que eram feitas nos clubes.
Prosseguindo nesses fragmentos, semana passada fomos todos surpreeendidos pelo prematuro falecimento de nossos amigo Juarez Marcondes, grande comunicador, grande narrador esportivo, com quem tive a satisfação de dividir os microfones da Rádio União, em determinada época, como comentarista esportivo. Isso sem falar nas noites de segunda, no Bar Coroa, quando ficávamos até altas horas discutindo futebol e escalando o melhor time de todos os tempos, de meu Fluminense, de seu Flamengo, da Seleção Brasileira, da seleção do mundo e de nosso Iguaçu.
Juarez deixa uma lacuna nos meios radiofônicos locais. Foi ao comentar sua triste partida, que reencontrei, também pelo Facebook, minhas amigas Martha Maria Pereira Marcondes e Sarah Maria Marcondes. Sarah é filha dos amigos de minha família, Maria Apacida Marcondes e Ciro Cesar Silvério, já falecido e emérito comunicador, que começou sua carreira também aqui na Rádio União, seguindo depois para rádios de Curitiba e posteriormente para as principais rádios de São Paulo. Lembramo-nos, eu e Sarah, pelo Facebook, de uma ocasião em que eu estive em sua casa em São Paulo, em meados dos anos 70. Como minha Tia Lulu era muito amiga de sua mãe Cida, foi visitá-la e me levou junto. Lá ficamos hospedados por alguns dias e certa noite elas saíram jantar fora e eu e Sarah resolvemos ir ao Shopping Iguatemi, que ficava próximo de sua casa. Fomos, eu, ela e seu cachorro, um dálmata enorme. Sarah quis fazer com que seu dito cão subisse pela escada rolante e ele se assustou e escapou de suas mãos, saindo correndo pelos corredores do shopping, com Sarah e eu a persegui-lo.
Também pelo Facebook e de forma absolutamente casual, reencontrei outra amiga do final dos anos 70 e início dos 80, Wally Schick, que na época fazia teatro amador, com um grupo do Sesi de Porto União. Wally hoje mora em Toronto no Canadá e trabalha há 16 anos em uma grande biblioteca. Nos une, além de nossa velha amizade, o amor pelos livros.
São fragmentos de memória, que de alguma forma se unem e preenchem os vazios da existência humana, fazendo com que não padeçamos de um dos mais comuns problemas do homem moderno, a incomunicabilidade e à partir dela da solidão.
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