Iluminações e Iluminados
Antes de ir para São Paulo dei uma passada por Curitiba, onde revi minha querida prima Rita de Cássia Cordeiro Augusto, que gentilmente nos hospedou. Em sua casa depois de algumas cervejas, decidimos dar uma saída para continuar a conversa, de preferência, em um bar com boa música ao vivo.
Rita sugeriu o Don Max. Ligamos para lá e a pessoa que nos atendeu, informou que haveria música ao vivo e aquela seria a noite do chorinho. Mesmo com a confirmação já obtida, decidi ligar para O Pensador, bar do qual um dos proprietários é meu amigo, Guilherme Vogel, que eu não via há algum tempo. Liguei para o telefone obtido por meio do Google e ninguém atendeu. Decidi então ligar para outro dileto amigo, Sandro Guaraná, que sei que toca naquele bar. Guaraná me disse que toca lá as terças-feiras. Mas que iria descobrir quem estaria lá naquela noite. Logo retornou dizendo que quem tocaria lá seria um pessoal do jazz.
Ungido de uma espécie de iluminação rimbaudiana, sugeri para Margarete e Rita irmos ao Pensador. Elas concordaram e lá fomos nós. Antes mesmo de entrar já pude perceber que a música era de primeira. Ao nos acomodarmos avistei meu velho chapa, Gui Vogel, e o saudei pela música que preenchia cada canto do bar. Ele me disse se tratar de um quarteto de Itapema, com um cubano nos saxofones, e, que o baterista era de Curitiba.
Se eu disse que tive uma iluminação que me levou ao Pensador, lá me deparei com músicos iluminados, que a cada set iam quebrando tudo, incluindo aí uma memorável performance do lendário Celso Pirata, cantando a belíssima Autumn Leaves, um dos mais belos Standards da canção norte americana. Memorável duelo dos scats de Pirata, com aqueles quase diáfanos acordes daquele iluminado cubano.
Decorridos alguns minutos, conseguimos, mediante a gentileza de Guilherme, mudarmos para uma mesa bem em frente ao quarteto.
O jazz é certamente o ritmo que mais permite a execução de variações sobre um mesmo tema e assim foi com Besame mucho, que ultrapassou frouxo a barreira dos 15 minutos. O quarteto a cada tema destruía, mostrando a qualidade de cada um dos músicos, sax, piano, baixo e bateria.
Depois do segundo bis fui conversar com os músicos e foi quando o baixista me contou que ele, o pianista e o saxofonista cubano, vivem em Meia Praia e que haviam tocado naquela noite pela primeira vez com o baterista que como menciono, é de Curitiba.
Escrevo essas mal traçadas ouvindo Autumn leaves, depois de ter enviado mensagem aos amigos Lourival e Hellen, que moram em Meia Praia, contando, ainda embasbacado, o que ouvi no Pensador. Reafirmando que aceitamos o convite do nobre casal para um fim de semana em Meia Praia e que o local onde os caras tocam é um bar chamado Mestre das Águas.
Quem gosta de música de verdade, executada por músicos do primeiro time do jazz curitibano e de alguns estrangeiros, o endereço em Curitiba é O Pensador, que nas noites de terças-feiras, recebe o grande Sandro Guaraná Trio.
Mais que imperdível é um local e um programa obrigatório para os amantes do jazz e não apenas para estes, mas para qualquer apreciador da música de altíssima qualidade
E para finalizar nossa passagem pela Cidade Sorriso, no sábado, eu, Margarete e minhas primas Rita e Lenita, fomos degustar a excelente feijoada do Don Max, preparada pelo seu simpaticíssimo proprietário, o mestre Paulinho, que ao saber que eu era de União da Vitória, me contou que a primeira feijoada da casa foi preparada por ninguém menos que o grande Algacir Koslowski, nosso querido Sebinho, e, que seu filho, nosso amigo Adam, havia trabalhado lá, o que já sabíamos, pois foi de lá que veio Adam, para aqui abrir o memorável Tomate Cereja, que deixou muitas saudades.
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