Indicados ao Emmy 2014
O Emmy reconhece a série Orange is The New Black e, com isso, a validade dos sites de streaming numa grande premiação. O Globo de Ouro já havia dado indícios disso, indicando outra série do Netflix, House of Cards, a vários prêmios.
Ao todo são mais de trinta indicações para o Netflix. Orange, com suas 12 indicações ainda perde para séries como Game of Thrones (com 19), Fargo (com 18), American Horror Story (com 17) e Breaking Bad (com 16). Vale lembrar que quase todas essas concorrem em vários quesitos técnicos, como efeitos, maquiagem, figurino, e etc. O que não é exatamente o metiê de Orange, que se passa em um presídio feminino e que portanto conta com pouquíssima maquiagem, quase nenhum efeito e um figurino permanente.
Mas o grande feito do Netflix talvez seja ter conseguido indicações nas duas categorias principais, melhor série de comédia para Orange is the New Black e melhor série dramática para a também genial House of Cards. Ainda como bônus e de maneira justíssima, Orange leva uma indicação para sua protagonista Taylor Schilling, enquanto House of Cards, leva indicações para seu casal protagonista, Kevin Spacey e Robin Wright. Mas a esta altura do campeonato todo mundo vem apostando suas fichas em Orange, a queridinha das premiações.
A série estreou sua segunda temporada no dia 6 de junho e, portanto, concorre ao Emmy com sua primeira temporada, já que a Academia analisou apenas séries que estrearam entre 1o. de junho do ano passado até 31 de maio deste ano, invalidando a participação da segunda temporada. Por causa disso vemos atrizes que se tornaram regulares da série como Uzo Aduba e Natasha Lyonne sendo indicadas como atrizes convidadas, o que era o caso na temporada passada. Foi sentida a ausência de Taryn Manning nesta mesma categoria, a atriz deu um show na temporada passada como a Caipira da Pensilvânia. Mas a indicação de Aduba foi muito celebrada por sua brilhante atuação como Crazy Eyes, bem como a indicação da atriz trans Laverne Cox, por sua performance como Sophia.
Como também foi celebrada a indicação de Kate Mulgrew ao prêmio de melhor coadjuvante em comédia. No papel da chefona russa Red Mulgrew passeia por diversas emoções em uma única temporada, e aparece e reaparece muito diferente no tempo normal e nas estórias de flashback.
Orange ainda foi indicado o melhor roteiro e melhor direção. Há muito tempo não aparecia na televisão uma série com elenco predominantemente feminino, criada, escrita e dirigida por mulheres. Isto é, sem dúvida, algo a ser celebrado. Também deve-se celebrar o fato de Orange tratar de temas quer sem ser especificamente uma série gay, e ser uma das primeiras séries com uma atriz transexual no elenco fixo. Laverne Cox foi alçada ao status de celebridade não apenas televisiva, mas também política, por ser porta voz da causa trans.
E se colocarmos tudo isso de lado o que sobra ainda é uma série sagaz, crítica, sarcástica, tão engraçada quanto triste, sobre o sistema carcerário nos Estados Unidos. E mais ainda, sobre seres humanos e sua relações. Sobre os limites da humanidade.
As duas temporadas da série estão disponíveis no Netflix e uma terceira já está confirmada desde antes da estreia da segunda. Vale observar que enquanto a primeira temporada traçava um panorama mais humano, a segunda trata de temas mais políticos, como por exemplo abuso nas prisões e a noção de que aumentando a população carcerária se aumenta um negócio de bilhões de dólares. Mas isso tudo, sem deixar de lado o humor, marca do seriado.
Fora todo o sucesso de uma série tão querida, é necessário fazer uma grande reclamação sobre o Emmy. A ausência da atriz Tatiana Manslany, de Orphan Black, na categoria de melhor atriz. Manslany é uma das atrizes mais exaltadas por público e crítica por seu trabalho na série de ficção da BBC America, em que se divide entre cerca de cinco ou seis personagens fixos, todos clones de uma mesma matriz. Manslany dá características de fala e movimentação tão diferentes a cada uma das personagens que é comum você se esquecer de que todas são a mesma atriz. E olha que eu trabalho com isso. Uma falha sem tamanho da academia, que levou fãs enlouquecidos às redes sociais para reclamar. No Globo de Ouro deste ano a atriz havia sido reconhecida, levou uma indicação, mas perdeu o prêmio para a genial Robin Wright. Agora nem mesmo um aceno. Sempre vão existir grandes injustiças em premiações. A do Emmy, em 2014, tem um nome: Tatiana Manslany.
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