Levo comigo muita saudade
Dizem por aí que à medida que ficamos mais velhos, vamos, cada vez menos, adquirindo novos amigos. Falo de amigos de verdade, aqueles que se regozijam conosco em nossas vitórias e que se solidarizam e nos confortam nos fracassos e perdas. Esses, após um determinado momento de nossas vidas, são cada vez mais raros.
Ao ficarmos mais velhos e, consequentemente, mais maduros, embora nem sempre a idade seja sinônimo de maturidade e sim, às vezes, de conservadorismo, percebo que vamos ficando cada vez mais seletivos na escolha de nossos amigos. Essa seletividade me parece estar, diretamente, ligada às chamadas afinidades eletivas.
Nessa toada de coisas afins, de compartilhamento de semelhantes gostos, estreitei meus laços de amizade com Fernanda Grabowski, a quem, afetuosamente, chamo de Fernandinha Young.
Fernandinha minha dileta amiga, sempre ia aos eventos que eu promovia na Fundação de Cultura, chegando a ser madrinha do Barreado sobe a serra no aniversário de União da Vitória, em março de 2010. A idéia surgiu no final de 2009, quando o escritor e jornalista curitibano, Dante Mendonça, lançou um livro seu em evento promovido pela Fundação de Cultura, no Bistrô da Cultura. Dante deu a idéia de fazermos um barreado e Fernandinha, participando da conversa e ainda sem trabalhar comigo, disse que ficaria muito bacana fazer o barreado na plataforma da Estação União, usando é claro aquele belo décor, como cenário. Encampei a idéia no ato e Dani Reginatto e Margarete Sá sugeriram o nome do evento, que acabou sendo realizado em grande estilo, com o escritor Dante Mendonça, os chefs, Vitamina e Sérgio Buch, a banda Gente Boa da Melhor Qualidade, eu e o então prefeito Juco, chegamos à Estação União em plena Locomotiva 310, sob os aplausos do enorme público que lá estava.
Em setembro de 2010, o prefeito Juco me chamou em seu gabinete e perguntou se eu gostaria de levar a Fernandinha para a Fundação. Parafraseando meu amigo Lúcio Passos, respondi só se for agora e desde então, ela foi meu braço direito, minha companheira de animadas comemorações, após os eventos que entendíamos quase todos, ter alcançado seus objetivos e também nos momentos de lamentações, quando não conseguíamos atingir o público esperado. Fernandinha foi até minha motorista, me levando para reuniões ora em Irati, ora em Ponta Grossa ou em Curitiba.
Em 2011, Fernandinha frequentou comigo o Núcleo de Dramaturgia do SESI, e me auxiliou, diretamente, na produção, juntamente, com o próprio SESI, de um livro, bancado com recursos exclusivos da Fundação da Cultura, dos textos selecionados entre os participantes do Núcleo de 2010. Em 2012, apenas Curitiba, Ponta Grossa e União da Vitória, dentre as outras cidades onde havia o Núcleo, conseguiu publicar o livro, que inclusive foi lançado em Curitiba, onde Fer também me acompanhou.
São belas lembranças de uma eficiente colaboradora, que muito, mas muito mais que isso, é uma de minhas melhores amigas e a quem dedico não apenas essa crônica, mas também ouso citar e modificar uma parte de uma canção do grande Chico Buarque: saio sem uma saideira, sem a certeza de que já vou tarde, mas levo comigo muita saudade.
Muita saudade do convívio diário de uma amiga tão especial como você, que para rimar, sempre me chama de Delbrê, Fernandinha Young.
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