Manipuladores das almas peladas
Você pode se esforçar, mas nunca conseguirá mostrar para o idiota que seu âmago é um atentado a sua própria existência. Li um único livro do Augusto Cury até hoje. E não pretendo ler mais nenhum. Foi há uns dez anos atrás, através de uma indicação de uma amiga que morava na Grande Nuvem de Magalhães e esporadicamente vinha passear aqui no planetinha azul.
A Saga de Marco Polo era mais um livro destes de auto-ajuda que nos infernizam quando vamos olhar a listas dos mais vendidos. A história era diferente das demais até então marteladas nos melões dos leitores: o que há por trás de moradores de ruas, e como eles foram parar lá. Interessante por um lado, pedante e forçado por outro.
Coisas forçadas são, por si mesmas, um chute no saco até de quem não o tem. O que dizer então quando aparece na sua frente aqueles seres que um dia acreditaram que são os comandantes de sua vida – e de todos os outros respirantes? Não dá.
Oscar Wilde, em sua obra icônica O Retrato de Dorian Gray nos brinda com um parágrafo que nos traz uma visão um pouco diferente, mas nem por isso desvirtuada dos idiotas que infernizam a todos e a eles mesmos: “Influenciar alguém é entregar-lhe a própria alma. Já a pessoa influenciada deixa de alimentar suas paixões verdadeiras ou de pensar da maneira que lhe seria natural. As virtudes do indivíduo se tornam irreais. Seus ‘pecados’ passam a ser tomados de empréstimo. Cria-se um indivíduo que é um ator de uma peça que não foi escrita para ele. O objetivo da vida é o autodesenvolvimento. Estamos aqui para entender nossa natureza, mas parecemos ter esquecido dessa obrigação, dessa dívida que temos para conosco. É claro que ainda existe a prática da caridade. Há pessoas que alimentam os famintos e dão roupas aos pedintes, porém não atendem às necessidades de suas próprias almas. A coragem abandonou a raça humana. Hoje somos governados pelo terror divino – as ameaças de um ‘Deus vingativo’ dos cléricos – e pelo terror da sociedade e da moral”.
Antes de qualquer coisa, vamos lembrar que Wilde escreveu isto em 1890. Qualquer similiralidade com o moderno e politicamente chato mundo atual, não é ao acaso. Mas, como ele mesmo fecha a “página”, “Poderíamos viver intensamente, dar forma às sensações, contudo, o homem mais corajoso do mundo tem medo de si mesmo”.
O irlandês acreditava que os manipuladores das almas peladas se chafurdavam mais ainda na lama que eles mesmos produziam para afundar os que ele tentava desesperadamente controlar. Traduzindo: todo manipulador é um covarde inseguro que consegue, em seu microcosmos, induzir os imbecis do seu nível aos seus caprichos e ameaças de cara feia. Ou seja, um bosta que no mundo real não incomoda. Só a ele mesmo.
Vamos ser sinceros: nem os livros do Cury endireitam essa cambada. E não acredito que queiram endireitar alguma coisa ou alguém. Afinal, os idiotas são úteis em vários pontos. Até em ajudar os mais espertos a ganhar dinheiro.
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Dois registros no mesmo portal de notícias, logo após a confirmação da morte de Fidel Castro expõem a gritante diferença entre o Primeiro e o último Mundo: “Fidel Castro foi um ditador brutal que oprimiu seu povo” – Donald Trump; “Morte de Fidel é como a morte de um irmão mais velho” – Lula.
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Vitória de Nico Rosberg sobre Lewis Hamilton foi o êxito do trabalho contra o talento. Em nada se desmerece o campeonato conquistado por Rosberg como alguns brasileiros “entendidos”, para variar, tentam desdenhar. Para eles, bonito foi o jogo sujo do inglês nas últimas voltas.
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A tragédia que envolveu a Chapecoense teve o efeito de um soco no nariz. Vamos lembrar como o “nanico” do oeste catarinense se agigantou nos últimos três anos e vinha ensinando os grandes como se gerenciava um clube de futebol. #prayforchapecoens.
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