Mas trago de cabeça umas canções do rádio
Em uma de minhas crônicas escrevi que foi o Alucinasom, a equipe de som que montamos em 1975, para tocar em festas, eu, Nivaldo Camargo, Paulinho Rockemback e Rúbio Savi, que me fez conhecer outro de meus mais caros amigos, Celsinho Passos.
Em 1975 resolvemos, eu e os amigos acima mencionados, montar uma equipe de som para tocar em festas e ganhar algum dinheiro com isso. Pensamos no nome que daríamos, quando alguém sugeriu PRAN Som, que são as iniciais dos quatro sócios. O nome durou apenas algumas horas. Minha prima Lenita Augusto que passava alguns dias em minha casa sugeriu Alucinasom. Levei aos outros meninos e negócio fechado estava ali o nome.
Começamos em agosto de 1975 como já narrei aqui outro dia, na festa de Bernadete Bona, no Clube Concórdia.
Em janeiro de 1976, Nivaldo Camargo foi prestar o serviço militar em Brasília e aí se desfez, definitivamente, o trio de grandes amigos da adolescência, eu, Nivaldo e Paulo Murara que havia ido embora para Canoinhas em março de 1975.
Como também já contei aqui, naquele longínquo verão de 1976, meu principal amigo passaria a ser Vilmar Antônio Bughay, que nos deixou muito cedo.
Eu e Bughay costumávamos varar as madrugadas de sábado em festas, botecos ou apenas batendo papo em frente à minha casa na Barão do Cerro Azul.
E foi justamente em um desses bares, o El Sombrero, que eu, Bughay e Joclécio Quadros, depois de sairmos de uma briga em uma festa no Núcleo Social Odete Conti, encontramos, já no início da madrugada, Gilberto Lima, Eloi Henrique Caneparo, Joathan Souza, Paulo Afonso Riesemberg, Rúbio Savi e Celsinho Passos.
Todos os demais eu já conhecia bem, exceto Celsinho. A empatia foi imediata, tendo como fio condutor a música.
A confusão iniciada hora antes no Núcleo Social acabou sendo retomada no El Sombrero e o efetivo início de minha amizade com Celsinho acabou adiado para, salvo engano, a madrugada do sábado seguinte, quando novamente, depois de uma festa ou algumas cervejas em algum bar ou na casa de um de nós, que não era nem a minha, nem a de Celsinho, acabamos na sua casa para buscar alguns discos. Lá chegando, umas 4 da manhã, encontramos seu irmão mais velho, Irian Passos, que como Bughay, nos deixou muito antes da hora, na sala, tomando uma vodca, lendo um livro e ouvindo música. Ainda hoje lembro a música, que era All about Love, da fantástica banda de soul, Earth Wind & Fire e que ouço enquanto escrevo essa crônica.
Daquele momento em diante, especialmente em 1976, nos tornamos amigos inseparáveis.
Todo santo dia ele e os outros amigos que não estudavam no São José, iam ver a saída da aula e, consequentemente, nos buscar. Por volta de 6 da tarde, ele saia da empresa de sua família onde trabalhava, o Supermercado Passos e passava em minha casa e saíamos dar umas voltas em sua famosa Brasília azul. Dávamos umas voltas pelo centro da cidade ouvindo o programa de Cascalho Times, na Rádio Continental de Porto Alegre. As 10 da noite ele saia do Colégio Miguel Farah e nos encontrávamos no X Burger para uma cerveja. No segundo semestre desse mítico ano, eu namorava com Tereza Ruski, que morava na Rua XV de novembro, que, casualmente, ficava no caminho de volta de Celsinho. Dessa forma e também sempre as 10 da noite eu me despedia e o esperava na porta da casa de Tereza, que dizia ser muita coincidência ele passar por ali toda noite e sempre na mesma hora. Ao que eu respondia, é mesmo, é muita coincidência. Não era. Havíamos combinado aquele horário para terminar a noite no X Burger.
Celsinho também tocava em festinhas com seu Unisom, que se juntaria ao Alucinasom e com o apoio de Gilmar Yared, que nos franqueava alguns discos da Rádio União, que não tínhamos. Dessa parceria nasceu o célebre jingle em nosso meio, gravado por Gilmar nos estúdios da rádio, com sua bela voz e ao som de Overture,¸do The Miracles em que ele dizia: “Alucinasom, Unisom e Rádio União, de mãos dadas tem o prazer de tocar em sua festa”.
Além de tocarmos, profissionalmente, em quase todas as festas das meninas que estudavam no São José e Santos Anjos, íamos juntos também naquelas que não tocávamos, que eram na casa das garotas, que provavelmente nos convidavam, porque levávamos um montão de discos, como no aniversário de Elisiane Wengerkiewicz, que tocamos umas 10 vezes o mega hit, Fly Robin fly, do Silver Convention e que acabara de ser lançado.
Em algumas das festas que tocávamos, quase sempre nos excedíamos nos scotchs e fazíamos algumas coisas que até Deus duvida e que quem sabe outro dia eu conte.
Ao velho Baca, que no último dia 12 fez aniversário e alcançou minha idade e por ele ser o protagonista de muitas de minhas emblemámáticas lembranças vividas entre os 17 e 19 anos, meu fraterno amplexo.
Nós ainda somos daqueles que, como disse Belchior, na pra nós mitológica canção, Apenas um rapaz latino americano, trazemos de cabeça algumas canções do rádio.
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