NETFLIX e a não ficção
A Netflix anda com um excelente conteúdo de não ficção. Claro que não é de hoje, mas cada vez fica mais claro que a não ficção tá aí pra brigar de igual com o conteúdo ficcional original ou de distribuição. Quando pensamos em Netflix pensamos rapidamente em suas séries premiadas como Orange is the New Black, House of Cards ou Glow. Ou no catálogo gigantesco de filmes em que fica difícil separar o joio do trigo. Mas quando falamos em não ficção estamos falando de várias frentes de atuação. São shows de stand-up, programas de entrevista, reality shows e conteúdo documental. De tudo isso a gente tira várias boas experiências, como os programas da Chelsea Handler, o do Letterman e Queer Eye for the Straight Guy, que acaba de lançar segunda temporada. O mais legal do revival de QEFTSG é que a série vai além do estereótipo cultural do que é um homem gay e cria novas relações improváveis e transforma o pensamento das pessoas com quem eles se relacionam. Não são à toas as escolhas do casting. Os homens hétero do título do programa são pessoas que precisam de ajuda para mudanças de ponto de vista, além de uma repaginada no visual.
Mas mais do que esse tipo de programa, o conteúdo documental da Netflix anda cada vez melhor e melhor. Eles já tinham um programa maravilhoso no catálogo, que é o Chef´s Table, que no último volume veio num formato privilegiando as sobremesas. Mas cada temporada é um primor, do registro do que de mais incrível se produz, pensa e conceitua na alta gastronomia mundial. Da Europa aos Estados Unidos, passando pelo Brasil e Bolívia. Cada episódio traz a história e a visão de um chef conceituado e do nascimento de vários restaurantes conceituados. Na última temporada, na versão doces, somos apresentados a nomes tão diversos quanto a chef que criou o sorvete e várias outras receitas com o leite saborizado de cereal, Christina Tosi. E seus bolos incríveis que se centram mais no gosto do que na aparência. No episódio dois somos levados ao mundo dos doces tradicionais italianos com o chef Corrado Assenza, para no episódio três entendermos a história das sobremesas de um dos restaurantes mais premiados do mundo, o El Celler de Can Roca, através da história do mais jovem dos irmãos Roca, que por muito tempo foi o patinho feio da família, Jordi Roca. E no último episódio aprendemos com Will Goldfarb como o fracasso amplo e irrestrito pode levar ao triunfo e a reinvenção de conceitos, de doce e de felicidade.
Cada volume de Chef´s Table traz aprendizados e experiências valiosas, mas esta quarta temporada, dedicada aos doces, também parece levemente dedicada aos underdogs, o que faz dela mais especial ainda. E por falar de underdogs e de comida, uma boa dica do catálogo da Netflix pra quem gosta de gastronomia, história e cultura é o programa Sem Reservas, do recém-falecido Anthony Bourdain. Tá no catálogo e é o tipo de programa que faz com que a gente perceba que um programa de gastronomia pode ser muito mais do que apenas entretenimento.
E pra fechar o assunto de hoje, a dica mais importante: Wild Wild Country e a história de como um líder espiritual bem conceituado ainda hoje, o Osho, fez com que seus seguidores envenenassem pessoas, cometessem diversas fraudes eleitorais e evadissem fronteiras. A gente fala mais e melhor sobre ela na semana que vem, por enquanto fica a dica. Enquanto isso, vamos esperando os indicados ao Emmy que saem na metade de julho.
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