No bar
Alcunha Pórrida batia panela na avenida Manoel Ribas às três pras cinco sob o sol de domingo acompanhado, como sempre, do Deputado Púrpuro Alisura em Pesssoa e de seu insuspeito fiel amado insuspeitado quase-filho o Advogado Trustme O Fonador. À esquina sentado à mesa repleta à paralela da rua escorria o suor da garrafa líquida aquosa gelando o cilindro que gelava o copo e descia melíflua na garganta de Nin, sentado observado, observando ao encosto plástico vermelho da cadeira às suas costas. Na multidão se via Patrícia Albuquerque de Alcântara Mello de Holanda Ilinóis Galvão e duas amigas de nome menor. Dentro do bar mestre Jonas, como na música que faz alusão à baleia de Sá Rodrix e Guarabira, seguro. Logo atrás um grupo de policiais de folga justo naquele dia por ventura do destino escalonar e, logo à frente deles, por força da massa comunicativa eficiente, três detentos igualmente de folga fumavam alguma coisa coletiva e riam. Lá à frente porta-bandeiras ensaiavam um tipo de coreografia. Logo atrás delas meia dúzia de empresários lutavam para impedir a falência de seus empregados, oito aposentados, um inclusive curandeiro de primeira, bradavam palavras de ordem cuspindo gotículas branquinhas tão lindas de ver ao sol naquela tarde. Velhinhas simpáticas de chapéus elegantes nada mesquinhos caminhavam ao lado de meros andantes de caras lívidas, comerciantes dirigiam a caravana indicando o caminho, meninos de onze dez nove e quatorze anos usavam pela primeira vez aquela camisa oficial comprada na copa, garis olhavam impacientes, militares prestavam continência a Alcunha Pórrida que a essa altura já marchava de emoção, jornalistas e jornaleiros batiam fotos e distribuíam papéis, candidatos e promissoras pessoas diziam algumas palavras de ordem nos intervalos de coletivos passou, passou um avião, e nele tava escrito temer fürher da nação, na mesa ao lado de Nim dialogavam:
– me empresta aí, cinquenta pila?
– confie em mim.
– mudei de lado, as pressões sabe. Cada dia um reboliço.
– vai beber o que?
– já acabou essa palhaçada?
– ainda não.
– mas qual revolta é a verdadeira, cara?
– índio não pode usar bota, isso não é índio.
– aquela que te aceita. Nichi.
– vish, tenho nem pras puta.
– cerveja né?
– hum.
– e você?
– e agora rapaz? Vira canhoto?
– um em cima do outro pra dar opinião. Já reparou bicho? Se precisam, se amam.
– pode ser, tá gelada?
– mais ou menos.
– tá feia a crise mesmo.
– asfaltar tudo essa porra e vender.
– Mas vai melhorar, já tá, já melhorou.
– Vai sim.
– Vai mesmo.
– Eu acredito.
– Vai.
– Ahã.
– Mais uma?
– Vai.
– Escutem.
– o que?
– Já to melhorando.
– Figura.
– Tem cigarro?
– Tem cigarro aí solto?
– Cigarro?
– Três!
Passaram.
– A conta.
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