Nostalgia e a saudade
Nostalgia termo muito usado, mas que muitas vezes lhe damos outro valor descreve muito bem o sentimento de saudade, ligado a um grande desejo de voltar àquele passado, impulsionado por lembranças de momentos felizes e, ou antigos relacionamentos. Associamos o sentimento de nostalgia ao som de uma música do passado, exalamos cheiros, sentimos sabores que nos remetem a momentos que vivemos no pretérito, às vezes fatos irreais, devaneios, que podem acontecer por um mal estar, uma doença, problemas na família, no trabalho ou em relacionamento. Nostalgia difere muito do sentimento de melancolia.
Bem explicado na frase de Carlos Heitor Cony:
“Nostalgia é saudade do que vivi, melancolia é saudade do que não vivi.”
Podemos dizer que a nostalgia é uma emoção boa, pois nos permite voltar e relembrar os bons tempos que tivemos na infância, juventude, tempo com os filhos, tempo de algo bom que nos fez sentir a felicidade.
A nostalgia é uma sensação que se encontra entre a tristeza e a plenitude, tristeza pelo que já não existe, já findou, plenitude ao reviver a lembrança do que foi. A palavra vem do grego e significa algo como “dor pela volta para casa”.
“A nostalgia é a pena por se sentir ausente.” Ela já foi considerada uma condição médica no início da Era Moderna por ser associada à melancolia.
Embora a palavra nostalgia seja de uso comum, ela foi inventada pelo médico Johannes Hofer em 1688. Em sua tese de doutorado, ele analisou os casos de um estudante e um empregado com graves problemas de saúde.
Os dois chegaram a agonizar, mas por diversas razões, cada um foi levado para sua casa para morrer junto com sua família. Milagrosamente ambos melhoraram.
Naqueles tempos, a nostalgia foi considerada um sintoma grave. Se um soldado apresentasse esse sentimento, imediatamente era enviado para casa, o mesmo acontecia com os marinheiros.
Nas palavras de Milan Kundera, a nostalgia tem uma palavra prima: a saudade.
Quando sentimos que estamos nostálgicos, significa que estamos lembrando, revivendo momentos que passamos em algum dia de nossa vida, seja o tempo que for, pois ela nos faz bem ao nos dar o poder de experimentarmos novamente através das lembranças, que estão guardadas na memória, o que está registrado em nosso coração.
Li esta história sobre o tema, achei-a extremamente interessante e resolvi transcrevê-la, pois nos esclarece que sermos nostálgicos nos deixa mais criativos.
Uma universidade norte-americana fez uma experiência com 175 participantes. Todos deveriam criar uma história com base em uma lembrança que lhes produzisse nostalgia.
A história devia incluir uma princesa, um gato, um carro de corrida, ou começar com a frase: “Uma fria manhã de inverno, um homem e uma mulher se espantaram pelo som de um alarme que vinha de uma casa próxima”.
O resultado foi que todos aqueles que conseguiram evocar um evento nostálgico com maior clareza obtiveram uma pontuação significativamente superior a daqueles que não conseguiram trazer para a memória, um evento que lhes gerasse grande nostalgia. Os pesquisadores concluíram que a nostalgia favorece a criatividade. Isso se deve ao fato de que ela desata sentimentos de segurança, pertencimento e significado, o que constitui um excelente apoio para dar lugar aos sonhos.
Quantas vezes nos colocamos a imaginar momentos bons, conversas interessantes, sucesso na vida, e isso nos leva ao devaneio nostálgico.
Segundo Virgínia Wolff:
“Só posso notar que o passado é belo porque a gente nunca compreende uma emoção no seu momento. Ela se expande mais tarde e, portanto, não temos emoções completas em relação ao presente, só em relação ao passado.”
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