Nota à cura gay (novamente), e aos psicólogos (novamente).
Conheci muitos psicólogos, e naturalmente, quando o assunto a ser tratado começa a ser discutido vemos surgir muitas diferenças. Isto é bem vindo, saúdo a discussão de ideias. Um aristotélico, há um que não seja? Não pode, no entanto, sucumbir à contradição, eis um princípio de lógica. O Conselho Regional de Psicologia do Paraná, onde era inscrito, divulgou há poucos dias uma nota de repúdio a uma propaganda da loja marisa, onde julgaram tratar-se de um aviltamento da profissão, uma boba alusão que a roupa fazia à figura da psicóloga. Vi colegas comprarem essa briga, e me pronunciei minimamente, porque continuo a qualificar isso de pecuinha. Agora, um ano e pouco de governo temer depois, vemos um juiz determinar que o CFP interprete sua própria resolução de maneira a permitir que os psicólogos tratem homossexuais, e que este Conselho não impeça, isto é, que não seja de sua competência fiscalizar este exercício, não punindo o profissional que assim proceder. Há alguns dias houve uma censura, seguida de muitas outras, de uma exposição de arte, sob a alegação de que a exposição serviria a incitar a pedofilia. Há poucos dias atrás também, o Conselho caçava o diploma de uma psicóloga que atuava a favor da cura gay, muito próxima de políticos evangélicos. Antes disso, estou fazendo uma anamnese, grupos de psicólogos lutavam por diminuição da carga horária semanal, revogada quando chegou às mãos de temer. Será que eles precisam que estes dispositivos os tornem técnicos sem memória, cumprindo tarefas puramente burocráticas antes de rebelarem-se? Gostaria apenas de lembrar-lhes que, não interessa a que interesses serviram, uma vez que, para derrubar aqueles que alguns deles julgavam seu inimigo, associaram-se a ninguém menos que malafaias e felicianos, do que só se pode deduzir que: ou eram inocentes demais para a dignidade da profissão, ou são hipócritas demais para a profissão. Não há saída. Se o colega psicólogo havia se posicionado, desde a ascensão do golpe, a favor-contra, conforme a caricatura histórica horrenda surgida nessa época, e isso é só o começo, do homem de bem, aquele que define o que é arte, sexo, professor, ideologia, natureza, ciência, e por aí vai, este homúnculo precisa, ele, aristotélico que é, dar dois passos para trás, e se esforçar um pouquinho, para ver que tipo de discurso, ele próprio propagou, e pra não forçá-lo demais, posto que, tem muito trabalho, que se limite ao ano passado. Este que esteve ao lado da normatização da heterossexualidade, sob o manto moral e mentiroso da família, sob a veste imunda da religião legisladora (esta que propaga a mentira em nome da verdade), aquele que, lembro bem, comemorou a alçada de um golpe abestalhado por uma mesóclise, tapeado de maneira tão barata, que se admita na posição que se colocou e ajudou a colocar, essa pequena profissão, a primeira e única, que com este e outros gestos, promete com seu método atingir, pela primeira vez na história, exatamente o oposto do que propõe seu próprio método; a maior eficácia que um discurso pode ter, justamente, é ser recebido, de onde se disse, e as trapalhadas que os colegas mais bem intencionados, e não só eles, façamos justiça, se entregaram à bandeja, custará caro, mas não me refiro, obviamente, aos que ainda, depois de tudo, continuam a identificar-se com o bem, com o valor moral da verdade, esses que tem neles uma luz, sei lá, que pensam ser escolhidos, esses, precisam disso, eles precisam de espelhos menores, que seus olhos, estes que levam seus pacientes a identificarem-se consigo, estes, não falo com eles, falo com aqueles que apaixonados, deixaram-se levar pelo ódio, esse traço que os uniu, não se atrasem mais, e falo com aqueles que, esses não precisam me ouvir, sempre sacaram do que se trata.
Psicólogo clínico, especialista em Teoria Psicanalítica e em Neuropsicologia. Atende em Caçador e União da Vitória. giuliano.metelski@gmail.com – WhatsApp: (49) 99825-4100 / (42) 99967-1557.
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