O tempo e meus caros leitores
De volta ao tempo, eu insisto em mencionar a bela canção de Reginaldo Bessa, ele não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém.
Há uns dois meses encontrei, em uma livraria local, minha amiga e que nuito me honra, como minha leitora, Deni Farah Ollinger. Ela me perguntou se todas as personagens femininas mencionadas em minhas crônicas são reais. Respondi que sim.
Outro caro amigo e leitor, o também cronista e polemista, Alexandre Moreira, também há cerca de um mês, comentava comigo que alguns amigos seus diziam que eu abordo em minhas crônicas, apenas amigos pessoais, o que acaba contextualizando por demais o assunto e de tal forma, interessando quase que, unicamente, aos mencionados ou àqueles que conhecem estes.
Alexandre em sua filosófica perspicácia de cronista do cotidiano, contrapôs tais argumentos, dizendo que além de pessoas, eu falo do tempo.
Há um pouco mais de tempo, encontrei na Confraria meu amigo João Vicente Schwertner, que residiu por muitos anos na Rua Teixeira Soares, uma transversal da Barão do Cerro Azul, que abrigou muitas das histórias e dos amigos que aqui menciono. João Vicente, embora mais novo do que eu, disse que ao ler minhas crônicas era remetido, diretamente, para a nossa, pelo menos para nós, mítica região de outrora.
Outro caro amigo, Marcos Luciano, que também morou nas imediações da Barão, sempre que me encontra diz que devo publicar um livro com minhas crônicas, para ele fiéis relatos de um tempo remoto.
Cito todos esses meus caros leitores, para só então voltar ao meu encontro com minha caríssima Deni, que ao saber que minhas personagens são de carne e osso, me perguntou se tais menções nunca haviam suscitado eventuais comentários enciumados.
Respondi que não, porque tudo, como na canção, é uma remota batucada que passou, claro que deixando marcas, algumas mais profundas, outras menos profundas, mas marcas na linha do tempo e em minhas lembranças.
Ao abordar tão caros personagens de minha vida, quero além de manifestar meu carinho por todos eles, demonstrar a mudança em costumes e hábitos proporcionados pelo avançar dos anos.
De volta ao tempo, eu insisto em mencionar a bela canção de Reginaldo Bessa, ele não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém.
Mas para melhor interpretá-lo, é preciso avançar com ele, mas sempre com um olhar no passado, pois é deste que vem, segundo outra de minhas mais caras amigas, Suzane Carvalho do Prado, as lembranças, nosso maior patrimônio.
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