Onde, Oh Ciência, estará o inconsciente, Oh?!
I
Bem antigamente a veja fazia uma reportagem negando o inconsciente ou criticando Freud ou um neurocientista dizia pra ela publicar e eu ficava tocado, tinha que logo fazer um textinho ou coisa do tipo, eles nunca falavam do inconsciente, era sempre outra coisa, o subliminar, o subconsciente, o cerebelo, qualquer coisa da percepção. Hoje vi de relance uma neurocientista perguntar onde? A gente mapeia o cérebro e nada, e tive metade daquela sensação, porque hoje eu costumo dizer, na língua, e babau, vou embora, não adianta abrir a cabeça (nos dois sentidos) porque o cientista não vai enxergar nenhum sulquinho sequer. É impensável que no método criado pra que se manipule o experimento, ele esteja justamente na posição de objeto. Ele fala não é? Como qualquer falante. Na língua então, eu respondo e vou saindo.
II
Tem coisas que a gente – mesmo a melhor das gentes – não aceita bem na gente mesmo. Uma coisinha aqui ou ali, coisa boba, mas dita assim de mau jeito pega lá no cerne sabe? E aí taca-lhe remédio, academia, regime, tudo pra ficar direitinho enquadrado no ideal, sabe de quem ou onde?
III
Outro. A função mãe pode ser feita por qualquer um (depois vem namorada(o)), mas uma coisa é certa – até no cientista – uma mãe perversa dura a vida inteirinha do filho, e ele aos setenta de idade ainda é incapaz de dormir, porque ela prometeu que o mataria assim (o caso não é inventado). Ou se a religião passou pra ele biologicamente por ela (ironia ok?) ele vai brigar com deus, pois seu desejo é o fantasma de um pecado inscrito sabe-se lá em que célula (idem).
IV
Papai tem muitos nomes. Fantasminha camarada. Metáfora. Lei. Interdição. Umcéfalo. Universo. Quem sabe contar sempre conta com ele, um tipo de nome próprio do qual não podemos nos livrar. A não ser por metáfora, troco o meu pelo seu, dá em promessa de conhecimento.
V
O homem que sabe que sabe que não sabe, por que não aceitamos isso no XIX? Ou que a pulsão é o sexo falado?
VI
Uma vez eu apertei aquele botão do skinner que acende a luz na caixa e o rato olhou pra mim, juro, espantado, como se ele me perguntasse o que eu faço agora? Era um signo novo. Logo que ele aprendeu isso, ia lá beber água, e eu o cientista de branco, o que me aconteceu? Nada. Ou nada que não fosse minha interpretação: o rato pensou que eu era deus? Vê onde?
VII
Já foi.
Não é assim que se pega
seu tempo
é no pulo.
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