Para efeito de comparação
Os adjetivos, que explicam ou restringem os significados dos substantivos, podem ser utilizados em graus comparativos e superlativos. Advérbios, por outro lado, também podem estabelecer comparações em graus, e quando expressam intensidade. Esse uso, no entanto, nem sempre é livre de dúvidas, como é o caso nos exemplos abaixo:
“MAIS BEM” OU “MELHOR”?
Em geral, aprendemos que a expressão “mais bem”, assim como “mais bom/boa” deve ser substituída pelo advérbio “melhor”. Acredito que isso se deve ao fato de que, na escola, aprendemos mais sobre as regras gerais do que nos aprofundamos em casos específicos, pois existem situações em que não apenas o uso de “mais bem” é aconselhável, mas é obrigatório.
Vejamos os exemplos: Em Na segunda tentativa, o candidato preparou melhor o currículo e ele foi aceito, “melhor” refere-se ao verbo “preparar”, identifica a maneira como a ação foi feita. Já em O candidato mais bem preparado foi escolhido para o cargo, a expressão “mais bem preparado” contém um verbo no particípio; neste caso, o uso de “mais” é adequado porque se refere a “bem preparado”.
Portanto, quando utilizamos um verbo na forma (nominal) de particípio, recomenda-se o uso da expressão “mais bem”. Veja mais alguns exemplos:
As casas mais bem pintadas serão fotografadas, mas Quem pintar melhor sua casa será premiado.
“DE MAIS” OU “DEMAIS”?
As duas formas estão corretas, e são utilizadas em situações diferentes. Compare as duas frases: Dizem que eu falo demais. E Chega, já compramos coisas de mais. Na primeira frase, “demais” significa “em excesso”, “além da conta”, e caracteriza-se como um advérbio de intensidade, que na frase acima intensifica o verbo “falar”. “Demais” também modifica o sentido de adjetivos, intensificando-o, como no exemplo Ontem estava frio demais.
Na segunda frase, por outro lado, a locução “de mais” transmite uma noção de maior quantidade, e é o antônimo de “de menos”. É utilizada em relação a substantivos, como “coisas”, neste caso. Observe em mais alguns exemplos a relação dessa locução com os substantivos a que se refere: Nas ruas brasileiras há carros de mais e ônibus de menos.- Colocaram sal de mais na comida.
“MENOS” OU “MENAS”?
Somente “menos”, pois a palavra “menas” está errada. “Menos” é uma palavra invariável, não muda conforme o gênero, portanto é usada também com relação a substantivos femininos quando queremos nos referir a alguém ou a alguma coisa em menor número, ou numa posição inferior. Dizemos Quero menos feijão, por favor e também Quero menos comida, por favor.
“MELHOR” OU “MELHORES”
Quando for adjetivo, “melhor” pode flexionar-se em número, ou seja, pode ir para o plural, como em Nossos jogadores foram os melhores em campo. Nessa oração, “melhores” é o adjetivo “bom” flexionado no grau superlativo. Porém, no exemplo Eles se posicionaram melhor, não escrevemos a forma plural “melhores”, porque “melhor” é um advérbio que se refere à forma, ou à intensidade, como os jogadores se posicionaram; ou seja, refere-se ao verbo. Como advérbio, não se flexiona em número.
“MEIO-DIA E MEIA” OU “MEIO-DIA E MEIO”
Neste caso basta nos atermos à lógica: Estamos falando da metade do quê, da hora ou do dia? Se a expressão se aplica ao horário, 12h30, referimo-nos à metade da hora, é meia hora passada das doze; não é o dia que está pela metade. Portanto, é correto dizer Sempre almoçamos ao meio-dia e meia.
ERRATA: Na semana passada, escrevi que a Senhora Dehni Farah Olinger foi a primeira cartorária no município de Porto União, baseada em algumas fontes impressas neste município. Após ter sido corrigida pela Senhora Dehni, peço a ela desculpas, e retifico aqui a informação: Ela foi a primeira advogada no município, e não a primeira cartorária.
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