POR UM NÃO QUE FOSSE SIM
Não é porque um ouvido sabe ler que o emprego parcimonioso do termo terá prejuízo de sentido literal. Costumamos fazer da metáfora do sentido algo aproximado à ideologia do termo, como do conceito à coisa – estratégia do verbo – materialismo da ideia.
O que se perde ou o que se ganha é “ou” da dialética recaída obrigatoriamente no “e”. Dito e feito tudo remontará ao falta-a-ser. Ser e ter à existência. Da metafísica ao não um passo. E da dupla negação consagrada do dizer no desdizer o sim. Proporções, lógicas, e destaques textuais se afirmam na exata proporção em que não afirmam.
Eis aqui um proverbial contexto explanatório lógico: Russel. O conjunto dos elementos que não pertencem a si mesmo, ainda assim, pertence a si mesmo. Blasfematória coerência necessária e suficiente. Uns pesam penas apenas para corrigi-las em estratégia quase opaca. Outros, por medo, estocam toda a pinga por medo que ela falte. Comete-se um absurdo vendido. Lucra-se. Poupa-se. Repete-se. Se dizer fosse conveniente nos calaríamos menos ainda. Ou menos calaríamos pra dizer o que se fala. Dá no mesmo. Tanto faz.
Relativismo político e ancestralidade isquêmica dos pés à cabeça, é o mesmo em termos sísmicos “contraatuais”. E dos contratos ideologia do não, entre todas as aspas.
Se insisto na repetição certamente não é por nostalgia ou preferência qualquer. É por ser ela iniciativa remodelada do mesmo sob forma dialética estrutural, onde o “ou” é “é” não sem outro ouvido.
Nada produz o desejo mais que o não, eis a lei em sua forma invertida. Mas algo produzirá a partir do interdito um sim que não seja negação da negação?
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