Preito de saudade – Preito de saudade
Ano XII – Novembro/1966 – Número 154
Foi amada, admirada por muitos. Teve sonhos como todas as moças. Teve vaidades como toda a espécie humana. Viajou. Conheceu cidades, conheceu pessoas.
Nunca se prendeu a ninguém. Tinha uma profunda filosofia da vida. Muitas vezes chorou. Muitas vezes sentiu-se só. Teve seus momentos de depressão como todos os têm.
Teve momentos de sadia alegria e grande prazer. Certo dia encontrou alguém a quem entregou a afinidade dos seus sonhos, das suas aspirações. Quem foi capaz de criar de novo na intimidade absoluta de seu ser a imagem da sua própria existência. Esperou. Desesperou. Sorriu, teve tristezas. Acreditou, teve desilusões teve ilusões.
Viu e sentiu a beleza de um céu estrelado, o encanto de um pôr-do-sol. Encantou-se diante do desabrochar de uma rosa. Viveu, amou, sofreu, morreu.
Cumpriu sua missão nesta terra tão cheia de coisas má, de maldades, de cruezas.
As lágrimas ainda caem porque o crepe da tristeza se estendeu com a sua partida. A tristeza sempre vem das grandes partidas, dos soluços de adeus, dos silêncios, das mágoas que não se exteriorizam. E agora, a saudade diz presente em toda a sua grandeza e enche o vazio deixado pela sua ausência. E, é nessa hora que a alma fala, esquecendo o mundo grosseiro e materialista, com as suas más intenções, com os seus interesses mesquinhos. Então rezamos bem baixinho, no fundo do coração do silêncio, por ela, Matilde Santi que foi nossa amiga – e que agora está morta. Matilde Santi – que viveu bem – morreu bem – e que hoje está em paz.
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