Pseudoliteraturas e rejeição
O dia vem para aqueles que esperam e também para os que não esperam. Sentado na frente deste computador, ouço o rádio. Música horrível. Mas não se pode esperar por um dia 100 % bom musicalmente. Se conseguir 51, você já ganhou. Hoje foi um 62. O máximo que consegui foi 78.
Um leitor me perguntou o que impede um homem de escrever. Não há nada que o impeça a não ser ele mesmo. Quando você sente que estão te humilhando ou te fazendo de ridículo pelo que você escreve, é a mesma coisa que ouvir uma música ruim. Você não absorve e logo ela termina. Isso faz bem. Você precisa ser ridicularizado e rejeitado para se tornar mais forte. E quando isto não tem mais força, outra coisa virá para te mandar para os quintos dos infernos – ao menos no pensamento de alguns.
Gosto de livros que sugam meu cérebro – o que restou dele – e meu espírito. Não é a mesma coisa quando você não consegue dormir, com a sensação de que algo vem roubando sua energia. Mas, como são tão poucos os livros que conseguem causar este efeito, isso vem se tornando cada vez mais raro.
Há uns anos atrás, minha filha exigiu que eu lesse Crepúsculo. Em uma noite em que ela ficou se ocupando no Facebook, sentei-me e mandei ver. Poucas horas depois, fechei o livro. Achei uma boiolice amanteigada. O urubu deve estar pedindo a pena de volta. Assim, concluí minhas suspeitas: não é a toa que muitos adolescentes são mais patetas do que em qualquer outra época. Para não dizer apaspalhados. Quase nunca leem nada, e quando isso acontece, endeusam uma pseudoliteratura.
Como tudo na vida tem um retorno, chegou minha vez de ser emparedado: “E o que você está lendo hoje em dia?”, perguntou ela esses dias atrás com uma voz mais desdenhada que a de um psicólogo se achando psiquiatra. Quando respondi que estava no nono e último volume de Operação Cavalo de Troia – J.J. Benítez (claro que expliquei literalmente o que passa na narrativa) ouvi assim, de supetão: “Isso é coisa para retardado!”.
É muito fácil ser o Palhaço das Trevas. Nem precisa fazer força. Sou também antissocial. Motivos não faltam. Entre tantos, cito alguns: não vejo novelas, detesto programa de auditório, tenho horror a música sertaneja, não tenho Facebook, não acredito em políticos nem em fanáticos religiosos, corro de fofoqueiros.
Assim, dia após dia sou cada vez mais jogado ao limbo da rejeição. Deus, nunca imaginei que isso seria tão bom…
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Sem gozação: a que ponto chegou o Rio de Janeiro. Como eles conseguiram fazer tudo isso sem pensar que nunca seriam descobertos? Sérgio Cabral rachou e dançou com a caneta do governo do estado. Amigo íntimo de Lula, descobre – é uma retórica para esse sobrenome – que os tempos estão mudando no Brasil.
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Não vamos esquecer que o distinto presidiário de Bangu fez sua carreira política combatendo os mesmos crimes que o levaram para o xilindró. Por outro lado, teve o apoio da cariocada que agora ameaça paralisar o estado. Ora, os cariocas em nada diferem dos demais eleitores do Brasil. A diferença é que eles, os malandros agulhas de sempre, sentiram na pele a velhacaria que sempre adotaram como estilo de vida.
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Não vamos deixar de homenagear o Rio. Em menos de vinte e quatro horas tiveram dois ex-governadores enjaulados por corrupção. Será que teremos outros em breve pelos cantos deste bananão abençoado pelos ladrões da nação?
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