San Francisco again
Estive novamente passando alguns dias em San Francisco, revendo Mayara e Bradley. Minha filha acabou de concluir seu Mestrado em Direito, na prestigiosa Universidade de Berkeley, habilitando-se em três áreas distintas, Tecnologia, Energia e Meio Ambiente. Estive rapidamente em Los Angeles, cidade de que não gosto muito, pois embora essencialmente turística, de forma paradoxal, não é lá muito acolhedora, diferentemente de San Francisco, que muito além de bela, intrigante, instigante, essencialmente hipster, é muito acolhedora.
E pela segunda vez estive em alguns lugares onde já havia estado, como o Beat Museum e a City Lights, lendária livraria fundada pelo poeta e editor Lawrence Ferlinghetti, que ainda está vivo e foi um dos primeiros a publicar a obra dos beats. Ambos ficam em North Beach, um dos bairros boêmios da cidade. Também estive pela segunda vez na Amoeba, maior loja de discos da Califórnia e que fica na Haight Street, uma das mais emblemáticas ruas da cidade, com seus famosos brechós, restaurantes tailandeses e por onde gostava de ficar a cantora Janis Joplin e também muito próxima da casa onde moraram os integrantes da mitológica banda, Gratefull Dead. A rua fica no igualmente mitológico bairro de Ashbury, um dos mais bonitos de Frisco, que era como Jack Kerouac e Allen Ginsberg chamavam a cidade.
Levados por Mayara e Bradley, eu Margarete e Mariana experimentamos a autêntica gastronomia mexicana e californiana. Experimentamos a exótica culinária do Nepal, no Farmers Market, no belíssimo Ferry Building, com direito a doces turcos como sobremesa. Simplesmente formidável.
Estivemos na bela e agradável Sausalito, cidade vizinha de San Francisco. Para chegar até ela basta cruzar a Golden Gate Bridge e andar mais um pouquinho. Em Sausalito almoçamos, também por sugestão de Bradley, em um dos mais bonitos restaurantes a beira mar
que já estive. Também estivemos na aprazível casa de Stu e Liney, tios de Bradley, na simpática cidade de San Matteo, também vizinha de San Francisco.
Nas noites que não saíamos para jantar, degustávamos dos dotes culinários de meu genro, um autêntico Chef, na mais pura acepção da palavra. Mas Bradley não é apenas um Chef, muito mais que isso, é o filho que não tive. Gentil, educado, culto, progressista e com quem tenho inúmeras afinidades. Bradley e Mayara foram nos buscar no aeroporto em nossa chegada. Ele levou Mariana para o aeroporto e em nossa partida, mais uma vez nos surpreendeu, alugando um carro para nos levar ao aeroporto, nos ajudando com as malas, e, com Mayara, nos levaram até o portão de embarque. Se Bradley não existisse teria que ser inventado. É um grande filho e um grande amigo.
Na despedida muitas lágrimas e como na canção, na bagagem, muita saudade.
São São Paulo meu amor
Me aproprio da frase de outra velha canção para externar meu carinho pela multicultural capital dos paulistas.
Antes de ir para Los Angeles, ficamos dois dias em Sampa, com minha filha Nina e minha nora Clarissa. No domingo sugeri almoçarmos na Butantã Food Park, onde eu já havia estado com Mayara em julho do ano passado. A feira é étnica e decidimos almoçar em um restaurante venezuelano. Tiro certeiro, a comida era ótima.
Em nossa volta jantamos uma noite no apartamento de Nina e Claris, que como Bradley, também mandam muito bem na cozinha. Na tarde do feriado de Corpus Christ, Nina nos levou a um restaurante camaronês, no centro antigo da cidade. Na mosca de novo. Ótimo cardápio. Dali fomos para a Cinemateca Brasileira, em mais uma sugestão de Nina e onde estava sendo realizado o festival de Cinema In-Edit. Fomos para a Vila Mariana sem muitas expectativas de conseguir ingressos para o filme que desejávamos ver, mas fomos assim mesmo, porque lá também estava sendo realizada uma feira de livros e uma feira do vinil. Lá chegando já recebemos da recepcionista a informação de que não havia mais ingressos para o filme que queríamos ver. Fomos então para feira do vinil. Parei já no primeiro estande, quando fui surpreendido por uma voz às minhas costas, que perguntava para Margarete: é o Delbrai? Me virei e me deparei com André Cox, daqui de União da Vitória, e que já há alguns anos mora em São Paulo onde trabalha com cinema. André nos falou que trabalha na produtora que realizou o filme, O barato de Iacanga, que era justamente o filme que queríamos ver. Contei que não havia mais ingressos disponíveis e ele disse que iria dar um jeito e em menos de um minuto voltou com os convites. Resumo da ópera assistimos ao genial documentário de Thiago Mattar, que conta a história dos lendários Festivais de Águas Claras, tendo o primeiro acontecido em 1975, e, os outros em 81, 83 e 84. Após a exibição ainda pudemos ouvir um bate papo não apenas dos realizadores do filme, mas também dos organizadores do festival. E ainda batemos mais um papo com André, que é sobrinho de meu “irmão”, Décio Pacheco. Sensacional.
Ainda nos USA, mesmo meio alienado das coisas que aconteciam no Brasil, Mayara me contou do vazamento das mensagens entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, que primeiro desmistifica e põe por terra a aura de heróis nacionais que ambos ostentavam e segundo que fica claro que a celeridade do processo contra Lula foi mesmo de cunho político, cujo objetivo era tirar o ex-presidente da disputa das eleições do ano passado. O que me estarrece é que ainda há quem acredite em Moro. O que mais será preciso acontecer para que essa cegueira coletiva que assola parte dos brasileiros acabe?
Também ainda nos USA, tomei conhecimento do lançamento do mais recente documentário de Petra Costa, A democracia em vertigem.
Cheguei a União da Vitória e já o assisti. É brilhante. Mas esse é assunto para uma próxima, pois Nina Rosa Sá e Caio Moreira, já o comentam nesta edição de Caiçara.
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