Top 5 versus pilotos incríveis
Minha matéria de estudo nos últimos anos tem sido as narrativas seriadas feitas pra televisão. As famosas séries. Tenho pensado muito sobre isso nos últimos tempos e escrevi esse texto, sobre séries muito boas versus pilotos muito fortes.
Pensando e tentando decidir qual é a minha série favorita de todos os tempos. Ou pelo menos chegar num top 5. Minha questão com isso é que não necessariamente as séries de que mais gosto tem os melhores episódios pilotos.
Gilmore Girls, por exemplo, tem uma das melhores sequências de abertura, mas um piloto levemente desconjuntado (e o super defeito de não apresentar meu personagem favorito, Paris Geller). A série melhora exponencialmente a partir do episódio dois. E encontra o ritmo definitivamente lá pelo cinco. Depois tropeça e se reencontra umas três vezes ao longo de seis temporadas. Não conto a temporada sete porque não é GG sem Amy Sherman-Palladino. E o revival é um capítulo à parte.
Já pilotos de sitcom sempre soam meio forçados, mesmo nas melhores de todos os tempos, como Friends e How I Met Your Mother. O piloto de Seinfeld não é. Os pilotos de Girls, The Leftovers e Mr. Robot são excelentes, bem como as séries. Acho que é impossível ter um primeiro episódio muito bom para uma série ruim. Mas é possível ter um piloto ruim para uma série boa.
O primeiro episódio de Mad Men é ok, mas a série cria tração ao longo da primeira temporada. Pra mim, MM acontece de verdade depois da cena da Betty com a espingarda. E se consolida no top 5 por conseguir realizar o series finale mais perfeito de todos os tempos, nunca uma série acabou tão bem. Pelo menos até aqui.
Se eu pudesse ser outra pessoa no mundo eu escolheria ser a Shonda Rhimes. Tenho restrições com Scandal, sei que How to get away with Murder tá beirando o rocambolesco e Grey’s Anatomy é meio novelão, porém, nada disso importa. Eu vejo Grey’s religiosamente toda semana, ainda me emociono e torço pra aquela gentarada médica se encontrar e reencontrar na vida. O piloto da série é um dos melhores que já vi e eu revejo as primeiras temporadas constantemente. HTGAWM tem Viola Davis arrasando semanalmente nos aparelhos televisores do mundo, só isso já é suficiente. E essas três séries da Shondaland tem importância fundamental em questões de representação: todas são protagonizadas por mulheres, duas delas negras; e todas tem um ou mais personagens LGBTQ, estrelinhas no caso de HTGAWM, em que a protagonista é bissexual. Em Grey’s várias questões raciais e de gênero já foram abordadas ao longo de treze temporadas.
Não consegui fechar um top 5 ainda. Até porque tem muita coisa pra ver nesse mundo, esse aqui é um recorte ínfimo. Só no final de 2016 eu finalmente assisti Transparent, Mr. Robot e Mozart in the Jungle, três séries geniais e fundamentais pra qualquer pessoa que goste de televisão. E também teve The OA e sua estrutura mirabolante (um piloto excelente, com aquela sacada genial de colocar os créditos só no início do terceiro ato). Teve Gilmore Girls. Teve 3% (que podia ser melhor e eu acredito que vai ser). Teve decepção também, tipo Sense8 de Natal. Mas teve surpresinha tipo Crazy Head.
Agora a HBO está encerrando duas das melhores séries da grade de programação: Girls e The Leftovers. Vamos falar sobre isso e sofrer juntos. E na sequencia já vem estreia de House of Cards e Orange is the New Black. Vai dar bom!
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