Um fim de tarde ao som de Travessia
Na manhã de terça-feira, 13 de outubro, enquanto trabalhava ouvia gumas canções armazenadas na memória de meu micro e eis que me deparo com Bridges, com Sarah Vaughan e Milton Nascimento. Bridges nada mais é que a versão em inglês da magnífica Travessia, de Milton Nascimento e Fernando Brant, que compôs um belíssimo disco da inigualável Sarah Vaughan em registro em homenagem à música popular brasileira.
Sempre achei Travessia uma das mais belas canções brasileiras e ainda garoto, na época dos festivais, fiquei pra lá de indignado, quando em 1967 ela foi derrotada no II Festival Internacional da Canção Popular, por Margarida, de Gutemberg Guarabira, também uma bela canção, mas muito aquém de Travessia.
Essa versão com Saraha Vaughan a que me refiro, ouvi na casa de meu dileto amigo, Orleans Antunes de Oliveira Filho, a quem já dediquei uma de minhas crônicas e a quem recentemente homenageei, oferecendo a canção What´s new, um dos mais belos standards da canção americana, quando aqui estiveram se apresentando no Bistrô da Cultura, Saul Trumpet, Fernando Montanari e Gerson Bientinez.
Como Bridges, também ouvi pela primeira vez na casa de Orleans a versão de What’s new, na voz da cantora de country music, Linda Ronstadt, que gravou um disco com algumas das mais belas torch songs da canção americana, tendo ao seu lado a fantástica orquestra de Nelson Riddle, que por muitos anos acompanhou Frank Sinatra.
Mas voltando a manhã de 13 de outubro e a Travessia, um de seus mais belos registros, me foi propiciado por meu amigo Jorge Sérgio Schwartz.
No final de 1993, alguns dias após o término de meu primeiro casamento eu estava em minha casa num final de tarde de verão, limpando a piscinam ouvindo música e tomando um scotch, quando ouço um carro entrar na garagem. Nem fui ver quem era pois eu já deixava a porta da garagem aberta naquela hora do dia em que sempre recebia amigos para um happy hour.
Ouço uma música evou ver de que se trata. Encontro Jorge Sérgio Schwartz com seu indefectível acordeão em punho, adentrando em minha casa e tocando Travessia, que com sua emblemática letra dizia muito naquele momento de minha vida.
Jorge foi sem dúvida o autor de uma das mais belas e inesperadas homenagens que recebi ao longo de minha vida.
Tomamos o litro de Chivas que ali estava acompanhando por uns canapés, esperando a chegada de alguns outros amigos que vinham para a sessão diária de bate papo.
Diante de tudo isso e da data, 13 de outubro, um dia após o aniversário de meu amigo Jorge, procuro, de forma bem menos inspirada, homenageá-lo, dedicando-lhe essa crônica.
Vida longa caro amigo.
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