Um grande presidente, um grande homem
Conheci o Dr. Hélio Bueno de Camargo em meados dos anos 70, quando ele ainda residia na rua 1º de Maio e ainda possuía um escritório de contabilidade. Seu escritório a partir de 1977, se a memória não me trai, passou a fazer a contabilidade da hoje extinta, Caiçara Gráfica e Editora Ltda, de propriedade de Lulu Augusto e Sulamita da Costa. Hélio que já havia tido experiências como dirigente clubista, no início dos anos 80 decide encabeçar uma chapa para disputar as eleições do Clube Concórdia.
Dr Hélio me convidou para integrar sua chapa, que era de oposição à diretoria vigente e as eleições transcorreram com ânimos acirrados e culminaram com uma expressiva vitória da chapa de meu caro amigo.
Essa foi minha primeira experiência como diretor de um clube social e foi bastante gratificante, primeiro porque Hélio era um presidente muito atuante, que antes de contratar uma banda para um baile, viajava para a cidade onde aquela banda estava tocando, para efetivamente, avaliar sua qualidade. O segundo motivo de meu entusiasmo em exercer o cargo de diretor cultural, devia-se ao fato de Hélio ser muito democrático e permitir a seus diretores executarem seu plano de ações. Dessa forma eu consegui trazer para o clube a peça teatral Como sobreviver ao matrimônio, com dois grandes atores da cena curitibana da época. Lota Moncada e José Plínio. Também organizamos diversas exposições no salãozinho do clube, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, então chefiada por Luiz Roberto Soares e também com o Instituto Goethe de Curitiba. O leitor deve estar se perguntando, como conseguíamos fazer parcerias com uma Secretaria de Cultura de outro estado. Simples, Luiz Roberto era daqui e homem culto e democrata convicto, entendia que culturalmente, éramos uma única comunidade.
Dr. Hélio promoveu memoráveis bailes, sempre com a casa lotada e com bandas de irrefutável qualidade artística.
Mas voltando ao dia da eleição, como comentei, os ânimos estavam exaltados e como Hélio era solteiro na época e um de seus diretores sociais, o lojista e estilista, Carlito Lozza, também era, alguns integrantes da chapa situacionista, de maneira maldosa e preconceituosa, começaram a dizer que Lozza seria a primeira dama da chapa.
Lozza, homem refinado e de extremo bom gosto, não caiu na provocação e já com a vitória encaminhada, dirigiu-se calmamente aos provocadores, ainda no clube, abriu a braguilha de sua calça e mostrou o pênis, dizendo que ali estava a primeira dama. Detentor de um órgão sexual avantajado, o que foi ali observado por seus detratores e companheiros, Lozza protagonizou uma situação além de hilariante, desmoralizante para os ali, duplamente, derrotados.
Dr. Hélio foi sem nenhuma dúvida um dos melhores presidentes de toda a história do Clube Concórdia e que soube com sabedoria aliar sua competência, ousadia e organização às suas qualidades de grande ser humano que é.
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