Qual a importância de um cineclube?
Por Flávio Busck Silva
Primeiramente, podemos nos perguntar: Qual motivo que nos levaria a sair de casa para ver um filme com mais pessoas? O que poderia nos levar a trocar o conforto da cama ou do sofá e as facilidades do notebook ou televisão por uma sala no centro da cidade e com o filme sendo projetado em uma parede?
Frequentemente, quando reservamos um tempo para assistir algum filme na solidão do lar ou mesmo com alguma outra pessoa, acabamos nos distraindo algumas vezes e, quando finalizamos o filme, depois de rápida reflexão já passamos aos demais afazeres diários. É comum também que um filme nos comova profundamente, cause experiências verdadeiramente catárticas ou faça-nos questionar a própria estrutura da realidade; porém, quantas vezes temos com quem partilhar nossos insights? É certo que há vezes em que a solidão é a melhor companheira para a apreciação do cinema, mas nem sempre é assim. Contudo, não há como negar que a experiência oferecida no cineclube é de uma qualidade muito diferente da que foi citada há pouco. É nessa diferença que devemos pensar.
O Cineclube Agulheiro 310 não propõe um encontro de críticos de cinema ou de algum tipo de hipster de fala arrogante e que preenche linhas com comentários supérfluos com fundo narcisista. O que propomos é, simplesmente, reunir pessoas com algum nível de paixão pelo cinema e apreço pela própria possibilidade de ver a alma humana espelhada nos filmes. Optamos por filmes consagrados de décadas anteriores, aqueles clássicos gigantes que marcaram a história do cinema por vários motivos. No entanto, o mais importante de tudo é que propomos, ao final de cada filme: Uma discussão onde cada um é encorajado a expor seus insights e reflexões decorrentes da exibição do filme.
Diferentemente de quando vemos um filme em casa, essa atividade possibilita a abertura de várias dimensões diferentes daquela obra. Conseguimos, assim, ver o filme não mais como um filme qualquer para somar na lista dos já vistos, mas como a obra de arte eternizada que ele é. Aos poucos, com os comentários dos participantes, surgem observações sobre aspectos espirituais, psicológicos, cinematográficos e outros.
Discutimos a dinâmica dos personagens e a beleza que respira naquelas cenas em que o argumento estético vence qualquer narrativa, mas também discutimos como a alma humana, com todas as suas variações, foi incorporada por esse ou aquele personagem, ou mesmo quais valores culturais estão ocultos por trás da trama. É nessa discussão que ocorre uma amplificação da obra e o filme deixa de ser mais um filme, tornando-se parte de nós e do nosso aprendizado, pois, assim como a literatura, o cinema pode ser um grande agente do autoconhecimento do indivíduo em relação à sua condição existencial; cada personagem carrega um pouco de nós mesmos e tem o poder de estabelecer um diálogo pessoal com cada espectador. De tal forma, a organização de um cineclube vai muito além de uma mera reunião para assistir filmes velhos, mas convida à imersão na condição humana e à experiência do belo, do artístico e do eterno!
É com esse exato espírito que convidamos as pessoas que se interessam por essa experiência e pela arte a ingressarem nas fileiras do Cineclube Agulheiro 310. Sabemos que somos poucos e é bem por isso que devemos nos unir e, em nossas pequenas e belas cidades que não oferecem muitas opções dessa natureza, oferecer uma opção diferente de entretenimento edificante.
Entrada franca
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